domingo, 10 de abril de 2016

"PANAMA PAPERS": A PODRIDÃO VAI REBENTAR

Que podridão imensa esta dos "Panama Papers". Assim funciona o capitalismo actual. A evasão fiscal, a roubalheira dos offshores significam receita perdida para os estados porque são os impostos dos trabalhadores que sustentam os orçamentos dos países. Tu, leitor, neste momento estás a ser roubado por esses abutres. Políticos, milionários, banqueiros, empresários, futebolistas, artistas coexistem nos paraísos fiscais com as elites da delinquência global, da corrupção, do terrorismo, do tráfico de armas. David Cameron, Vladimir Putin, altos dirigentes chineses, o presidente da Argentina, o já demitido primeiro-ministro da Islândia, Marine Le Pen, a irmã do rei de Espanha fazem parte de uma extensa lista de bandidos sem quaisquer valores, cujos únicos objectivos na vida são perpetuarem-se no poder a qualquer custo ou então acumular riquezas e riquezas e explorar os outros. 
Ao que se sabe, os portugueses têm 69 mil milhões de euros em paraísos fiscais, dos quais 36 mil milhões estão na Suíça. Aquele valor corresponde a cerca de 40% do PIB português de 2015! Há hoje 43 empresas offshore activas que tiveram participação de portugueses no escândalo financeiro dos Documentos do Panamá. Luís Portela, dono da Bial, Manuel Vilarinho, ex-presidente do Benfica, e Ilídio Pinho, empresário, estão envolvidos. O já extinto Grupo Espírito Santo (GES) de Ricardo Salgado manteve em segredo no Panamá durante 21 anos um gigantesco "saco azul" por onde passaram mais de 300 milhões de euros. Ricardo Salgado e José Manuel Espírito Santo não disseram a verdade à comissão parlamentar de inquérito do BES.
Enquanto isso, o Estado português gastou nos últimos 20 anos tanto com o Rendimento Social de Inserção (5,6 mil milhões de euros) como com a falência do BPN. Nos últimos cinco anos o número de beneficiários do RSI diminuiu drasticamente. Segundo os números da Segurança Social, em 2010 eram 525 mil. Em 2015, apenas 295 mil. A pobreza e as desigualdades aumentam a olhos vistos. Que país. Que mundo. Para lá do que é a máquina de propaganda mercantil, somos governados e controlados por vigaristas. Os vendilhões do templo e os agiotas estão por todo o lado. O dinheiro que poderia ser aplicado em alimentação, escolas, hospitais, cultura, esbanjado em negócios sujos, em especulação, em ostentação. Isto não pode continuar. Isto vai mesmo rebentar.

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