Creio que já sou capaz de
expor as minhas ideias em público fluentemente, sem recorrer à cábula, como
ontem no "Rés-da-Rua". Obrigado, "Rés-da-Rua"! Sim, já não
é só dizer poemas, é ser o profeta do apocalipse, modéstia à parte, diante da
menina bonita. Penso que chegarei lá, a Jesus, a Marx, a Bakunine, a Jim
Morrison, a Nietzsche. As minhas capacidades mentais e espirituais estão
intactas, até se estão a alargar. E depois aparece este anjo a varrer. Pedro,
és uma estrela. E já não estás teso.
Aprendeste na selva com alguns amigos, com algumas amigas. Aprendeste nos
livros e nas canções. Aprendeste na noite, nos bares e com as putas. És mesmo
uma puta do rock n' roll. Não és do sucesso, do mainstream, não vendes aos
milhares. No entanto, sabes que a tua hora chegará. Normalmente até és boa
pessoa mas tens aquele jeito dionisíaco, demoníaco que te faz gritar e partir
vidros. És o mais louco dos poetas. Brindas ao caos, bebes até cair. A dama
chama-te. É linda. Varre o chão. E eu sou Satã. Sade. Maldoror. As gajas belas
fazem-me beber. Especialmente quando servem o Senhor. Eu era um puto tímido e
inocente que pensava muito. Dava a mão à Gina, a minha namorada do Colégio da
Trofa. É um mundo que já não existe. Ganhei vícios. Apanhei patadas. Tornei-me
uma estrela do rock n' roll. Mesmo não reconhecida. Eles e elas vêm ter comigo
nos bares, nas discotecas. Eh, pá! Sou diferente. Sou uma puta. Sinto-me no céu
entre as mulheres. E, aliás, o que é que tenho a perder? Nada! Absolutamente
nada! Posso reinar. Tenho a vida toda à minha frente. Ainda não parti como tu,
Jim. Sou louco divino. Felizmente tenho amigos e amigas do coração. Atravesso a
melhor fase da minha vida, à parte os problemas físicos, Gotucha. Ando de bar
em bar à procura. Santa loucura, como tu, António Manuel Ribeiro. Como tu,
Jaime. Como tu, Zé Pacheco. Farto-me da maioria dos homens. São uns atrasados
mentais. Só quero mulheres bonitas. Danço com os deuses e com os espíritos. Sou
Xamã, sou Dionisos. Louco, em delírio, como Hamlet. Shakespeare está aqui.
Dostoievski está aqui. Morrison está aqui. A vida é um experimento permanente,
como dizia Nietzsche. Sou o menino e o bailarino. O resto é conversa.
segunda-feira, 25 de abril de 2016
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