quinta-feira, 17 de março de 2016

O MARTINS DO PIOLHO

Morreu o sr. Martins, o gerente do café Piolho. Era um homem afável, generoso, de bom coração, que sempre acolheu com entusiasmo os lançamentos dos meus livros. É muito graças a ele que o Piolho é o que é hoje: um espaço de tertúlia entre intelectuais e artistas, um espaço de convívio e de boémia estudantil. O Piolho, desde que o comecei a frequentar quando entrei para a Faculdade de Letras, foi sempre um lugar de discussões apaixonadas que iam da política à arte, à literatura, um local de conspirações subversivas, sobretudo na época da luta das propinas, mas também um espaço dos amores e dos afectos e, claro, o palco da escrita de poemas e outros textos, alguns deles compilados no livro "Um Poeta no Piolho", bem como de muitas leituras. O Piolho não é um café qualquer onde, pura e simplesmente, se vai tomar um café ou beber uma cerveja. Tem uma história de mais de 100 anos, que inclui encontros e conspirações de resistentes esquerdistas e anti-fascistas, e é uma autêntica escola de cidadania. Cresci no Piolho e devo-o também ao sr. Martins.

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