segunda-feira, 31 de agosto de 2015

O MERCADO

Segundo Erich Fromm, na sociedade capitalista o sucesso depende do modo como as pessoas se vendem bem no mercado, do modo como vendem a sua personalidade. Ou seja, as pessoas são, ao mesmo tempo, as suas próprias vendedoras e a mercadoria a ser vendida. O ser humano chega ao ponto de não se interessar pela sua vida e respectiva felicidade mas apenas pelo facto de se tornar vendável. Eis o ponto de esquizofrenia que atingimos. Estamos pura e simplesmente à venda. Tudo é negócio. Por este andar, sentimentos e emoções serão completamente relegados para segundo plano. É só a lei do mercado, do dinheiro, do Passos, da Merkel, da castração, da austeridade. É um mundo mecânico sem criação, sem liberdade, sem vida. Reinam o número e a eficácia para que a empresa continue a crescer e multiplique os lucros. Pouco ou nenhum interesse há em questões filosóficas, tais como "por que vivemos" ou "por que vamos numa direcção e não noutra". Contudo, felizmente, há gente acordada, gente que não está à venda, que segue o seu próprio caminho. Gente que cultiva o amor, a liberdade e a poesia. Gente que busca o conhecimento e a verdade. Gente que vive em rebelião.

domingo, 30 de agosto de 2015

O TER E O SER

Spinoza considera que, em contraste com a crença actual de que as pessoas movidas principalmente pela avidez de dinheiro, posses ou fama são normais e bem ajustadas, essas pessoas são basicamente doentes. Na verdade, segundo Erich Fromm, aquele que é o que tem vive no medo de o perder. Tem medo dos ladrões, das reformas, das revoluções, da doença, da morte, e até do amor, da liberdade, da evolução, da mudança, do desconhecido. O ter, que predomina nas nossas sociedades, conduz à competição e à guerra entre pessoas e entre nações. O desejo louco de consumir, de adquirir mais e mais torna o ser humano num predador mas, ao mesmo tempo, num doente. Daí que se assistam cada vez a comportamentos esquizofrénicos, daí que as doenças mentais galopem e que a própria sociedade mercantil, com as suas bolsas e os seus mercados, dê sinais de senilidade. Felizmente, ainda existem muitas pessoas que privilegiam o ser em detrimento do ter. Pessoas desprendidas que se dedicam à leitura, à criação e ao conhecimento, pessoas que comungam do amor por uma ou várias pessoas, por uma obra de arte, por uma ideia. No fundo, são pessoas sãs que celebram a vida, sem estarem presas. Ou então pessoas que, na esteira de Aristóteles, se dedicam à vida contemplativa, isto é, à procura da verdade.

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

FILOS-SOFOS

Há pessoas de grande coração, de mente aberta, de grande generosidade. Mas há também pessoas mesquinhas, muito imaturas, inseguras. Não que sejam de todo más pessoas, no entanto julgo que ainda têm muito para aprender. E, claro, depois há os tubarões, os oportunistas, os que sacam de ti tudo o que têm a sacar. Isto para não falar dos idólatras do lucro e do dinheiro, dos heroinómanos do poder, dos predadores da finança. Há ainda os fracos, os humildes e os falsos fracos, os falsos humildes que desprezam o mendigo ou aquele que cai em desgraça. Muita gente diferente há neste planeta doente, neste país doente. Ao longo dos séculos, dos milénios, foi-se criando uma estrutura de poder, foi-se dividindo a sociedade em classes, não é como nos princípios em que éramos todos mais ou menos iguais, exceptuando o chefe da tribo e o feiticeiro. Mas raios, porque é que o Passos Coelho ou o Belmiro de Azevedo hão-de ocupar uma posição superior à minha? Não somos todos seres humanos? Porque raio há-de haver chefes e subordinados, exploradores e explorados, dirigentes e dirigidos? Bem sei que há uma História. Mas eu sou um homem lido e inteligente. Não me considero inferior a ninguém. Não tenho que obedecer às ordens de ninguém. Caminho livremente. Escrevo livremente. Não preciso de reis nem de presidentes. Sou rei de mim mesmo e isso basta-me. A verdade é esta: o poder impõe-se pela alienação e pelo medo. Quando vencermos o medo venceremos o poder. Mas, lá está. Neste momento há poucas pessoas realmente corajosas. Claro, poderíamos voltar à assembleia ateniense. Poderíamos discutir a cidade na praça. Cá está: o poder tem medo.
Há, sem dúvida, pessoas muito amáveis e prestáveis. Todavia, não sei até onde iriam numa situação de revolta. Tenho muitas dúvidas. A grande maioria acomodou-se e mesmo os pobres e os operários, em geral, não se revoltam, pelo contrário, até apoiam a situação. Restam-nos certos sectores da pequena burguesia e mesmo da burguesia: jovens, estudantes, intelectuais, professores, artistas, outras profissões intelectuais, etc. De qualquer forma, reafirmo-o, a situação é insustentável. O sistema é odioso. Mata o homem. Teremos sempre de voltar ao Maio de 68, a grande revolução, a grande insurreição. Teremos sempre de levar a imaginação ao poder. No entanto, concluo que ou esta gente permanece na ignorância ou então se acomodou ao conforto da casa, do carro, da televisão, da Internet, do telemóvel última geração. Esta gente, digo, uma grande parte desta gente. Pois sei que há gente consciente, que lê, que discute e que quer a festa permanente. Bom, hoje estou mais próximo de ser um "filos-sofos".

sábado, 22 de agosto de 2015

REVOLUÇÃO OU MORTE!

Como afirma Guy Debord, o lema "a revolução ou a morte" já não é a expressão lírica da consciência revoltada, é a última palavra do pensamento científico. Com efeito, o capitalismo não é reformável. O sistema odioso da predação, da competição, da corrida para que o capitalismo evoluiu nos nossos dias, associado ao poder das grandes corporações, dos bancos, da finança não tem cura dentro de si mesmo por muito que falem e façam os Syrizas, os PCP's, os Blocos de Esquerda. A única alternativa é, de facto, a revolução, a subversão total do sistema. Mesmo que sejamos poucos temos que acreditar. Não é mais possível viver numa sociedade onde o suicídio avança, tal como a pobreza e a miséria, numa sociedade de desigualdades gritantes, onde há um crescente mal-estar, onde o tédio e as doenças mentais são o pão-nosso de cada dia, onde os próprios sentimentos, o amor, a amizade caem na esquizofrenia. Não, eles estão a assassinar o homem. Roubam-nos a liberdade, o tempo e a vida. Impedem-nos de celebrar, de viver a vida. Não podemos permitir. É a nossa vida que eles jogam. Expulsemos esses fascistas da vida!

domingo, 16 de agosto de 2015

EM BRAGA EU REINO

A tranquilidade d' "A Brasileira". O fim de tarde de Agosto em Braga. Queria ficar aqui a beber cervejas. Mesmo que não esteja aqui a empregada bonita. Braga é a minha cidade. Não há dúvida. Aqui me alimento. Aqui ganho forças. Lembro-me que em puto vinha ao barbeiro aqui em frente à "A Brasileira". Mas só comecei a frequentar mais o centro no 12º ano quando tinha explicações de Matemática. Talvez tenha sido um adolescente demasiado protegido. Depois dei nisto. Num misto de inadaptado e rebelde. Venceu o rebelde mas, em certas ocasiões, o inadaptado ainda vem ao de cima. Porra, mas também já passei por situações do arco da velha. Nos últimos anos não, felizmente. Não tenho reagido a provocações. É evidente que sei que vai haver um dia em que vou ter de me confrontar fisicamente com o sistema. Sei que esse dia virá. Não sou o super-homem. Nem sequer no sentido nietzscheano. Procuro-o. Sou um criador, um pescador de homens? Não sei, poucos e poucas me seguem. Ainda não sou suficientemente apelativo. Talvez se me embebedasse todos os dias...ainda não me deram o palco que mereço. No entanto, sei que venho dos malditos, dos que renegaram Deus e o capitalismo. Sim, percorro a estrada larga de Whitman. Não sou dos homens pequenos, das meias-medidas. Sim, terei sido demasiado protegido mas também apanhei as minhas patadas e continuo aqui vivo. Eles quiserem meter-me medo, manter-me caladinho mas eu continuei, eu prossegui viagem, eu dou-lhes luta. Nem que seja Quixote contra os moinhos eu continuo, eu não largo o osso. De uma maneira ou de outra, eu hei-de chegar lá. Eu não sou verdadeiramente daqui. Eu sou de Camelot, de Elsenor, da Grécia Antiga. Eu bebo do cálice. Eu sou o excomungado de todas as eras. Aqui, em Braga, eu reino.

terça-feira, 11 de agosto de 2015

DESUMANO

As mortes e a forma como os migrantes de Calais e do Mediterrâneo são tratados é algo de desumano e revelador dos piores instintos da espécie, da xenofobia e do fascismo. David Cameron e François Hollande colocam-se ao lado da extrema-direita e do louco nazi do muro da Hungria. O mundo é de todos. Somos todos seres humanos. Não o esqueçamos. E esses senhores parecem esquecê-lo. No fundo, fazem todos parte da grande "família" do capitalismo que nos quer em guerra uns contra os contra os outros, a competir pelos empregos, pelas carreiras, pelo estatuto. Pouca ou nenhuma humanidade há naqueles corações, vencidos pela lógica do lucro e do sucesso. Daí que tratem os seres humanos de Calais como animais. Daí que não passem de lacaios dos mercados, dos bancos e do grande capital, de toda essa massa inumana que tritura sem dó nem piedade.

sábado, 1 de agosto de 2015

SEGUNDO MANIFESTO DA CANDIDATURA DE ANTÓNIO PEDRO RIBEIRO À PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

SEGUNDO MANIFESTO DA CANDIDATURA DE ANTÓNIO PEDRO RIBEIRO À PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
Vivemos no império do dinheiro, do mercado e da finança. As relações entre as pessoas são cada vez mais de interesse, de inveja, de aparência. Cavaco Silva, Passos Coelho e Paulo Portas são castradores, inimigos da vida, que servem o fascismo financeiro e o imperialismo de Merkel. Roubam-nos os salários, as pensões, o tempo e a própria vida. Candidatamo-nos à Presidência da República porque não aceitamos mais o roubo, nem a competição, nem a vida transformada numa corrida. Porque não aceitamos mais o homem transformado num macaco que trepa em busca do emprego, do estatuto, do poder. Porque não aceitamos ver a Grécia humilhada pelo fascismo financeiro europeu e por Merkel. Porque não aceitamos que uns acumulem riquezas e mais riquezas enquanto outros contam os outros e outros dormem nas ruas. Porque não aceitamos uma vida de tédio e rotinas. Porque temos consciência de que enquanto os politiqueiros se digladiam a humanidade está em perigo com o aquecimento global e as alterações climáticas e que podem ocorrer grandes tragédias naturais nos próximos anos. Porque acreditamos numa terra sem amos, numa democracia directa, onde todos os seres humanos tenham realmente acesso à arte e à cultura, onde se discuta filosofia nas ruas, onde se busque a sabedoria. Porque acreditamos que o Homem veio para se cumprir, para se realizar, para se completar, na paz, na liberdade, na poesia. Candidatamo-nos porque entendemos que todo o ser humano deve pisar livremente a Terra, sem servos, nem senhores, sem explorados, nem exploradores. Candidatamo-nos porque, na senda de Ernesto Che Guevara, queremos destruir o capitalismo.