quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

ESTÁ TUDO BEM


"Meteis na prisão, como um criminoso, o homem honrado que fala abertamente contra o regime vigente, contra as sagradas instituições, etc, e a um refinado patife entregais-lhe carreira e "pasta" e outras coisas ainda mais importantes", afirma Max Stirner. Aqueles que combatem o sistema, o capitalismo, são silenciados, presos, diminuídos. O que interessa é manter a ordem dos negociantes, dos tiranos, dos corruptos. O que interessa é manter o sorriso dos apresentadores, das putas da TV, a hipocrisia do Natal, o que interessa é fazer de conta que está tudo bem, que nos damos todos bem, que somos felizes. O que interessa é dizer poemas que não incomodam, é ter conversas que não incomodam, é ser "amigo" de toda a gente. "A minha alma ou o meu espírito tem de afinar pelo que outros acham correcto e não pelo que eu próprio desejo", ainda Stirner. O que interessa é manter-se na manada, sem ter opiniões próprias, sem exercer a liberdade autêntica. Desde a infância, desde a adolescência que somos formatados, que somos ensinados a dizer "sim" ao patrão. É certo que há uns poucos que põem em causa, que na juventude ou na adolescência foram tocados por um livro, por um poema, por uma canção. Que tiveram determinados pais, determinados professores, que começaram a não ter medo de enfrentar a máquina, que seguiram a estrada do excesso e da revolta. Eles bem tentam mas só alguns os ouvem. Os outros arrastam-se, teleguiados pela moral burguesa, pelos preconceitos, pelo medo. Assim nunca sairão da prisão nem da caverna de Platão. Limitam-se a olhar para as sombras. Cumprem os dias, julgando que são livres, quando são rebanho, quando são autómatos a falar de banalidades. Nada trazem de novo, passam a vida a correr atrás do dinheiro, nunca alcançarão o divino, o homem-deus, o paraíso. Nunca serão capazes de dizer a palavra maldita.

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