domingo, 6 de abril de 2014

EU VIVO O QUE ESCREVO

Agora que caminho em direcção à sabedoria, agora que sou o poeta, o escritor, o quase filósofo, as coisas parecem-me mais claras. De facto, ao longo destes anos, tenho procurado uma espécie de luz, de sagrado, que vivi nas minhas fases eufóricas, nas minhas trips, mas também nestes estados de hipomania. O pensamento acelera e eu sou alma em busca da virtude, da beleza. Nunca experimentei os ácidos mas esta mistura de álcool com medicamentos e com a própria criação poética produz o tal "efeito coca". Durmo muito menos, estou muito mais desperto e confiante em mim próprio. Na verdade, penso que estou a chegar onde queria em termos de escrita. O Rui Azevedo Ribeiro diz que a poesia é superior mas eu estou convicto de que a prosa está mais solta, menos repetitiva. Neste momento, sou mesmo o criador à maneira nietzscheana. Sem falsas modéstias. As minhas leituras produzem efeito. Como Henry Miller tento aumentar a vida. Procuro chegar às pessoas. Influenciá-las. Dizer-lhes que não têm de ser escravas. Que há um mundo para lá da "realidade", do útil, do "prático". Um mundo de invenção e descoberta. O reino da liberdade absoluta. A minha vida está aqui. Eu vivo o que escrevo. Não faço floreados nem grandes remendos. Talvez fale demasiado sobre mim. Talvez devesse inventar outros personagens. No entanto, não tenho sido capaz. Mas com a produção que levo hoje tudo é possível.

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