sexta-feira, 11 de abril de 2014
A REGRESSÃO DO ESPÍRITO
Gente que vai passando os dias, que vai sobrevivendo, que quer moldar os filhos para o sucesso a qualquer preço. Assim não se vive. Cumprem-se os dias, cumprem-se as horas. Não há um rasgo, um grito, uma blasfémia. Há uma grande preocupação com as notas escolares, não com a busca de sabedoria, muitos aspectos desta são postos de lado, só interessa o saber instrumental, útil. Raros são aqueles que filosofam à mesa. Raros são aqueles que discutem a verdadeira vida. Raros são aqueles que se reúnem no "Banquete" de Platão e Sócrates. Não se trata apenas de discutir umas palavras de ordem como fazem os partidos de esquerda. Trata-se de discutir tudo. Do nascimento até à morte. O homem, a criança, vem ao mundo cheia de potencialidades. Só que a família e a escola começam a impor-lhe preconceitos, a empurrá-la para a competição e para o mercado. Daí que haja muitos adolescentes frustrados, infelizes. A escola não lhes ensina a verdadeira vida. Não lhes diz que a vida pode ser uma autêntica festa e uma busca da sabedoria. Os jovens até podem ter uns anos de festa, de embriaguez mas logo são empurrados para o trabalho, para o assentar, para a obrigação. Acaba-se a festa, perde-se a curiosidade pelo conhecimento, mata-se a vida, a verdadeira vida. Vivemos, quando muito, a prestações. Não seguimos os xamãs, não revelamos curiosidade pelos deuses e espíritos interiores. Levamos uma existência castrada. Só a tecnologia progride e, por vezes, é limitadora. O espírito parece ter regredido.
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