quarta-feira, 26 de março de 2014

O VERDADEIRO HOMEM


Leio "Assim Falava Zaratustra" pela sétima vez. Não conheço obra mais genial. O criador, o bailarino, o homem superior entram em mim. A vida, o amor e a liberdade são meus. Afasto-me do homem pequeno, do mercador, do merceeiro, afasto-me dos macacos que trepam, dos poderes, do grande dinheiro. Tudo é grandeza e nobreza. Zaratustra, tu ensinas-me a viver. Há dias, noites em que me exibo na praça pública, em que procuro a companhia das mais belas mulheres. Ou então estou aqui na aldeia. A enriquecer-me, a ler-te, a estudar-te, a desenvolver as minhas potencialidades. Sinto-me preparado para o grande meio-dia, para a revolução, para a glória. Tomaremos Lisboa. Ocuparemos as praças. Ocuparemos os palácios do poder. Devolveremos o homem ao homem, a espécie à espécie, o mundo ao mundo. Cantaremos nas caras do capital. O verdadeiro homem não é o lacaio, não é o escravo, não é o que procura a felicidade da maioria. O verdadeiro homem é aquele que é único, aquele que se basta a si mesmo, aquele que ri. O verdadeiro homem é o homem do grande amor, do grande espírito, da grande alma. É aquele que se dá, que ensina, que transmite a sabedoria. O verdadeiro homem não se contenta com conversas banais, é aquele que provoca, que desafia, que faz pensar. É aquele que quebra a rotina, o tédio, o quotidiano vazio e previsível. O verdadeiro homem é Zaratustra.

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