segunda-feira, 11 de novembro de 2013
PIOLHO
Estou no Porto, no Piolho. Quase teso como muitas vezes. A Fátima Lopes imbeciliza. Bebo. Beberia muita mais se tivesse dinheiro. Passaria o resto da tarde e a noite a beber. De qualquer forma, a revolução nunca mais vem. De qualquer forma, é difícil alterar a maneira de pensar das pessoas. Tenho-o tentado ao longo dos últimos anos. Sou o poeta do Piolho. Já travei aqui discussões acesas, já lancei livros. Faz-me falta o Fred para me vir falar da espécie humana falhada. Faz-me falta quem debata comigo. Faz-me falta um amigo. Já tenho aparecido na rádio, nos jornais e até na televisão. No entanto, isso não faz de mim uma estrela. Ninguém me pode acusar de me ter vendido à publicidade ou ao capitalismo. Ainda faltam umas horas para o Pinguim. Não aparece ninguém. Nem homem nem mulher. Não há público para o poeta. Restam as imagens da televisão. Apesar deste aparente sossego, ainda há quem me ameace de porrada. As últimas vezes que andei à porrada levei. Por isso não me apetece andar à porrada. O gráfico simpático e maluco cumprimentam-me. Havia a Paulinha. Nunca mais a vi. Parece que até a Bárbara Guimarães apanha umas pielas. Porque não hei-de eu apanhar? Fui candidato à Câmara da Póvoa pelo MRPP mas não fui eleito. Nada tenho a perder. Já cá faltava o gordo atrasado mental do concurso. Não tenho motivos para estar contente. Estou entediado. Não tenho pachorra para as telenovelas nem para as vedetas da TV. Escrevo versos. Eis a minha profissão. Há 10 anos que vivo assim. Não me arrependo. Falo da vida, sobretudo da minha. Ao falar da minha falo da dos outros, pois os outros estão sempre presentes. Ao longo dos últimos 10 anos tenho publicado livros, tenho participado em sessões de poesia, tenho feito intervenções públicas e políticas. Não me arrependo. Tenho feito o que há a fazer. Estou de consciência tranquila. Bebo à vossa.
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