quinta-feira, 23 de agosto de 2012

DÁ-ME CERVEJA

Não há dúvida de que estou a caminho. Não há dúvida que as coisas me começam a correr de feição. Só me falta a mulher, aquela que vier, a mãe dos meus filhos. Busco o super-homem. Aquele que reinará sobre a Terra. Não em nome dos fracos e dos oprimidos, mas em nome do conhecimento, da luz, da criação. "Sou o Rei Lagarto, sou todo-poderoso". Desejo-te, mulher da confeitaria. Deixa o namorado. Vem, segue-me. Sou o enviado dos deuses. Quero colher o riso selvagem. Quero essa mulher que me quer. Sou o filho de Deus. Reclamo-te. Sê minha. Sê linda. Farto-me de imbecilidades e de gajos de terceira. Quero uma mulher da TV. Quero uma mulher que me sustente. Rumo ao lago do antigamente. Dá-me cerveja que eu dou-te amor. Dá-me cerveja, miúda, dá-me cerveja. Sou um mito vivo. Sou a estrela do rock n' roll. Dá-me cerveja. Vou ficar como o Jim Morrison horas a beber ao balcão. Dá-me de beber. Dá-me de amar. Gingas as ancas, vences. Que têm esses patetas mediáticos que eu não tenha? Sou o excesso em pessoa. Sou o Pessoa em excesso. A beber n' "A Brasileira". Sou louco. Sou narciso. Quero-te. Dás-me tudo. Dás-me vida. Quero o beijo. Sacio o desejo. Por onde andas, Rui? Quem te matou? Quero mulheres à minha mesa. Quero surpresa. Quero estoirar, António. Gingas, danças, balanças. Sou Dionisos. Quero roubar-te ao lar familiar, ao sossego elementar. Quero-te em mim. Quero-te até ao fim. De qualquer forma, nada tenho a perder. Sou enviado do diabo. Entre Deus e o diabo, venha o diabo e escolha. Pois, tenho a velha escola. Bebo com ambos em sonhos de Verão. Tanto faz. Leva e traz. Louco. Louco. O homem bebe. Frente ao talho da "Emília do Lúcio". Cristo ébrio. Ofir/Fão. Não tenho horas. Vens de mim. Vens para mim. Varres o chão. Exibes-te para mim. Vem a velha e pára o filme. Vem a velha à sopa e eu deixo de ser divino. Chega Afrodite ao pão e tudo muda de novo. Quero uma mulher, a que me quiser realmente. Começa a haver alguma animação nesta Terra. Para lá das telenovelas e das camionetas. Sou Dionisos. Quero lamber-te. Prestar-te tributo. Este que sou já não sou eu. Louco. Tão louco. Poeta do "Fim". Poeta, enfim. Senhor de mim. Não sabeis quem sou. Sabereis em breve. Talvez depois de morto.

Sem comentários: