quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

A FOME DE CONHECIMENTO E A FALTA DE ALMA




A fome de leitura, a fome de conhecimento e aprendizagem, o pensamento em movimento. Assemelham-se ao desejo sexual, dão-nos o entusiasmo, a paixão pela vida, conduzem-nos ao conhecimento de nós mesmos e do mundo. Daí o homem nobre, criador, oposto à democracia burguesa e à felicidade da maioria, ao homem do tédio, dos fins vulgares e comuns. Nota-se nas conversas do homem comum: futebol, mexericos, banalidades e preconceitos. Nada de profundo, nada que questione a vida e o sentido da vida. Macacos que competem uns com os outros em busca da banana, do lugar, do dinheiro. Nada de elevado, nada de criativo, só carneiros que obedecem à máquina, que não se distinguem uns dos outros. Nenhuma curiosidade pelo diferente, nenhum sentido da descoberta, uma vidinha de rotina, sem novidades, sem criação, sem romantismo. Nunca o gesto ousado de dar a flor, de dar o poema, do amor incondicional, absoluto, nunca o belo, nunca o bem, nunca a verdade. "O seu eros imperfeito não pode dar-lhe à alma imagens de beleza e continuará a ser fraco e grosseiro", escreve Allan Bloom em "A Cultura Inculta". Em suma, falta-lhes alma, o espírito livre de quem "faz da vida um contínuo experimentar-se de si próprio", nas palavras de Nietzsche.

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