quinta-feira, 26 de janeiro de 2012
O HOMEM E A "VIDA ACTIVA"
"O homem, no sentido dado pelos gregos antigos, só é capaz de tornar-se homem quando se distancia da "vida activa" e se aproxima da vida reflexiva, contemplativa. Só é homem aquele que tem tempo para pensar, reflectir, contemplar", escreveu Thiago Rodrigues Braga na crítica à "Condição Humana" de Hannah Arendt. Segundo Nietzsche, aquele que não reserva, pelo menos, três quartos do dia para si é um escravo. Para Sócrates, "se é apenas para comer, dormir, fazer sexo que o homem existe, então ele não é homem, é um animal". "A dignidade humana só é conquistada através da vida contemplativa, relexiva, uma vida sem compromisso com fins pragmáticos", ainda Thiago Rodrigues Braga. Daí que a maioria dos homens não sejam homens, mas sim escravos. Escravos da "vida activa", da produção, do consumo, do mercado. Prisioneiros da "vida activa", do trabalho, da família, os homens não têm tempo para eles mesmos, para a reflexão, para a filosofia, para a criação. Por isso muitos são completamente ignorantes, completamente formatados pela máquina de propaganda e pela ditadura dos mercados. Já não somos socialistas nem comunistas. Em certos casos, o homem é culpado de não ser curioso, de não seguir a via do conhecimento. Deixa-se dominar pela "vida activa", pela vida prática e não arranja tempo senão para raciocinar de uma forma instrumental. Para ser livre, para ser digno o homem tem de se debruçar sobre as grandes questões da humanidade e debatê-las com outros homens. Só assim se torna verdadeiramente homem, só assim ultrapassará a máquina de propaganda que nos impingem todos os dias. Só assim, e em diálogo com os outros homens que reflectem e com o seu interior, o homem se realizará e derrotará o capitalismo.
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