quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

A LAVAGEM AO CÉREBRO

Há cinco dias que não saio de Vilar do Pinheiro e arredores. Vá lá que não estou deprimido. Poderia ir hoje ao Olimpo mas não sinto aquela necessidade. Estive a ver os meus escritos de Outubro, Novembro, Dezembro. Foram dias de revolta acesa, de escritos duros e cortantes, nem todos de qualidade, alguns até gratuitos. Agora pareço estar a voltar ao sublime, ao homem interior. De qualquer forma, não me tenho deixado levar pelos políticos e comentadores do regime, nem sequer pela Conceição Lino que passa sempre aqui na confeitaria. Se consigo resistir assim aqui, sem telefonemas nem mensagens de ninguém, é porque estou numa fase boa, óptima para a criação. É claro que preciso de alguém para falar e o "chat" do facebook anda a falhar. De qualquer modo, estes dias entre o Natal e o Ano Novo costumam ser sempre um bocado mortos. Homem, tens dez livros publicados, actuaste no Campo Alegre, em Paredes de Coura, noutros sítios, apareceste na rádio, na televisão, nos jornais, cumpriste já um longo percurso. Não tens que te envergonhar. É certo que te falta ainda alguma coisa para chegar lá cima. É certo que a revolução está por fazer. Mas há aspectos de que não te podes queixar. Talvez peques por estares sempre a falar de ti. Mas também precisas de te libertar da máquina todos os dias. É um combate diário. Eles chamam e tu não vais, resistes. Contudo, há dias em que te deixas levar, ficas deprimido, tremes, temes algumas pessoas, tentam fazar-te uma lavagem ao cérebro. É isso que eles fazem às pessoas: uma lavagem ao cérebro. Nada mais. Vão-lhes roubando os dias. Tu sabes que o outro lado existe. Consegues chegar lá. Eis a diferença.

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