sexta-feira, 11 de novembro de 2011

O BÁRBARO


Roma cai de novo. Não ouvis os gritos dos bárbaros? Nada está seguro agora, Maria. Agarra-te à caixa registadora enquanto a tens. O homem que te olha não é quem pensas. É o poeta maldito, o incendiário. Come criancinhas ao pequeno-almoço. Mas sabe rir. Ah! Se sabe. Fazia umas festas contigo. Contudo, agora está virado para o mundo. Em tempos, combateu ao lado de Ulisses e Aquiles. Está farto de caridadezinhas. Segue os bárbaros porque isso convém à revolução. É capaz de se tornar um deles. De comer à mesa sem maneiras. Todavia, é também um rei. Capaz de cortesias, capaz de oferecer poemas às meninas. É também o mais infame dos poetas. Capaz de atormentar desconhecidos. De enfrentar a noite de bar em bar, de copo em copo. Espera o livro, a última criação. É conhecido de muitos mas tem poucos amigos reais. Procura a mulher para fecundar. Quer fazer nascer o novo homem. Roma cai. Não ouvis os gritos dos bárbaros?

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