domingo, 3 de julho de 2011

JIM MORRISON FOREVER (1971-2011)


Morrison/40 anos
Nenhum seguidor chegou ao brilhantismo dos Doors
por Lusa01 Julho 2011


Nenhuma das muitas bandas assumidamente influenciadas pela originalidade da música dos Doors conseguiu atingir o "brilhantismo" do grupo de Jim Morrison, falecido há 40 anos, disse o biógrafo português do "Rei Lagarto".

"Muitas bandas ao longo das décadas assumiram-se fãs incondicionais dos Doors, e algumas em particular do Jim Morrison, mas nenhuma conseguiu chegar ao brilhantismo que os Doors assumiram na música e no casamento da música com a poesia", referiu Rui Pedro Silva, autor do livro "Contigo Torno-me Real". O autor, que está a preparar um segundo livro sobre os Doors, salientou que muitos tentaram imitar a banda de Jim Morrison, "mas ficaram muito longe" de conseguirem. "Outros beberam a influência e, de uma forma original, foram criar o seu próprio caminho", afirmou, destacando o caso de Ian Astbury, vocalista dos Cult, que mais tarde veio a ser convidado para representar Jim Morrison na banda que assumiu a designação Doors Século XXI.

Rui Pedro Silva realçou que "o próprio Bono, dos U2, é um confesso admirador de Jim Morrison". Para o autor, "estes 40 anos significam que Jim Morrison e os Doors continuam a ser bastante atrativos, pelo exemplo da boa criação artística que representam no panteão rock internacional e também pela postura que sempre demonstraram". Rui Pedro Silva reconheceu que o facto de Jim Morrison ter morrido com 27 anos "obviamente ampliou o mito", como aconteceu também com Kurt Cobain, dos Nirvana, "e de tantos outros que morreram com essas idades". "Mas, no caso dos Doors, acho que é muito mais do que isso. Acho que está mesmo associado à profundidade do legado que as novas gerações vão descobrindo", frisou. Para Rui Pedro Silva, considerado um dos melhores biógrafos e um dos mais profundos conhecedores da vida e carreira de Jim Morrison e dos Doors, "eles são um caso completamente anacrónico no mundo musical a vários níveis".

"Não seguiram nenhuma corrente especial. Eles apareceram no pleno auge do movimento hippie, mas não eram hippies, pelo contrário", salientou, notando que, numa das músicas dos Doors, Jim Morrison "é bastante crítico desse movimento". Jim Morrison "seguia a geração beat, ligada às artes, à literatura, e que era interventiva no verdadeiro sentido da palavra", realçou. "Há uma série de particularidades nos Doors que os distinguiram e os tornaram num caso único precisamente por essa busca constante de originalidade, tanto a nível das letras, da postura e do próprio enquadramento artístico", sublinhou o autor. Como exemplo, Rui Pedro Silva destacou que "os Doors não tinham baixista fixo em palco": "O Ray Manzarek fazia com a mão esquerda as linhas do baixo".

Depois das edições em português e inglês de "Contigo Torno-me Real / You Make Me Real", Rui Pedro Silva disse à Lusa que pretende lançar ainda este ano um segundo livro, desta vez sobre as raízes dos Doors e sobre a forma como a imprensa portuguesa descreveu o grupo ao longo destas décadas. O autor esteve na Universidade da Califórnia, Los Angeles (UCLA), onde Jim Morrison e Ray Manzarek se conheceram no curso de cinema, a realizar um estudo cujo resultado será revelado no novo livro.


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