quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

A VIDA É UMA DÁDIVA




A vida é mesmo uma dádiva. De agora em diante, pregarei a vida e a vida em abundância de pão e vinho. Não mais ouvirei os fariseus dos mercados. Não mais lhes darei importância porque eles são a morte, enquanto eu trago a vida. Podem chamar-me utópico, irrealista, messiânico, que eu não ouço, não quero saber. Podem pregar-me o evangelho deles que eu não ouço.
Não, não conteis comigo no vosso circo mediático. Se for até vós, será para vos destruir. Podeis trazer até mim as mais belas das mulheres. Tremei. Porque elas podem passar-se para o meu lado. A vida é dádiva, é de graça, não é trabalho, não é sacrifício. Recuso-me a ter os vossos trabalhos. O meu "trabalho" é criar e passar a mensagem. Renasci em Braga este Natal. Companheiros, companheiras. Dançai comigo esta noite. Estaremos à entrada dos portões ao anoitecer. Dançai comigo, companheiras, companheiros. Vede como sou louco. Vede como já não temo. Vede que sou da dádiva e não do preço. Sou do banquete permanente. Da festa, da celebração mas também da solidão. Porque é da solidão que vem a sabedoria. Porque é dos livros que vem a sabedoria. Olhai-me, companheiros, companheiras. Por enquanto, ainda terei de ser Narciso, para me mostrar ao mundo. Mas deixarei de o ser um dia. Humilde para com os humildes, poderoso para com os poderosos. Eis o lema. Eis o poema. Serpente ébria. Danço. Canto. Com Deus a meus pés. Uma nova era nasce aqui. Uma era de pão e vinho mas também de celebração, de alegria. Sou louco. Como Dionisos. O Uno Primordial. O Homem. O Super-Homem. O País dos Meus Filhos. Tenho estado no deserto. Agora regresso, minha mulher, minhas mulheres. Nada tenho a ver com as leis do Reino. Aportei neste porto. Venho para o que vier. Os fantasmas dissipam-se na mente de Hamlet. Iluminações. Iluminações. Sou o Poeta. Danço em cima de Deus. Trago a palavra. Sou da dádiva. Sou da ceia. Da Primeira Ceia.

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