quarta-feira, 25 de agosto de 2010

O HOMEM DA LIBERDADE

António Pedro Ribeiro




O homem da liberdade percorre a cidade em busca da luz. O homem da liberdade percorre a idade em busca do amor.


O homem da liberdade tornou-se naquele que é. O homem da liberdade cansa-se da conversa rotineira dos outros homens. O homem da liberdade quer novos homens, novas conversas.


O homem da liberdade percorre a cidade e as ideias vêm. O homem da liberdade percorre a liberdade.


O homem da liberdade não vê a liberdade no homem, sobretudo naquele que lhe está mais próximo. O homem da liberdade mesmo assim acredita no homem, no homem que não está completamente perdido. O homem da liberdade não quer saber que muitos dos outros homens não queiram saber dos seus escritos.


O homem da liberdade percorre a cidade em busca da liberdade. O homem da liberdade é da cidade mesmo que a cidade o não o compreenda.


O homem da liberdade faz do dias um novo começo. O homem da liberdade não quer o mesmo que os outros homens.


O homem da liberdade fica a noite inteira no jardim com a Carlinha. O homem da liberdade não tem medo da noite.


O homem da liberdade olha a mulher e deseja-a mas não tem as preocupações do homem comum. O homem da liberdade saúda o homem comum mas não o segue. O homem da liberdade não trabalha como o homem comum. O homem da liberdade não é como o homem comum e o homem comum sabe-o. O homem comum, no fundo, inveja o homem da liberdade. O homem comum inveja a liberdade e o desprendimento do homem da liberdade.


O homem da liberdade não é da realidade, é da liberdade.


O homem da liberdade dispensaria perfeitamente os pagamentos e o dinheiro.


O homem da liberdade é deste mundo mas não é deste mundo. O homem da liberdade vive aquilo que é e aquilo que escreve.


O homem da liberdade não está morto nem velho. O homem da liberdade não envelhece.


O homem da liberdade está satisfeito consigo mesmo mas quer ainda mais.


O homem da liberdade não aparece no Telejornal nem está preocupado com isso.


O homem da liberdade está e não está dentro do fogo. O homem da liberdade é o fogo.

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