Domingo, 02 Maio 2010 00:30
As Agências de Rating
Mário Russo
Por quem as agências de Rating dobram?
“Portugal viu o risco de bancarrota subir para 28,43%, ultrapassando o Dubai e o Iraque, estando, agora, em 6º lugar. O monitor de risco da CMA Datavision abrange 66 países e a evolução do caso português é preocupante: do final do 1º trimestre de 2010 até hoje, o país passou do 26º lugar com 11,7% de risco de default para 6º hoje com 28,43%.”
Qual a credibilidade desta classificação de risco? Deve ser a mesma que confiava cegamente em Madoff e caucionou o sub-prime nos EUA. Com efeito, não é preciso ser especialista, mas apenas usar de senso comum (nem sequer o bom senso) para duvidar da seriedade destes números.
De facto, como é possível que em 31 de Março um país esteja em 26º lugar no risco de bancarrota, com 11,7%, e menos de 30 dias depois estar em 6º lugar com 28%, ou seja, mais de 140% acima? Ou a anterior classificação estava errada ou não passa de um favor para dar corpo aos interesses especulativos, diante da incompetência da UE em lidar com a dívida grega e do interesse em afundar o euro em favor do dólar.
A situação da economia portuguesa não é famosa, mas não é uma situação nova, no entanto é muito diferente da grega. É verdade que os portugueses passaram a viver acima das suas posses por irresponsabilidades políticas e ganância de banqueiros ávidos em emprestar. No entanto, hoje o fogo cruzado por que passa o estado da economia nacional só se deve a especuladores que se aproveitam do comportamento errático e lento da UE e em especial da Alemanha para a colarem à Grécia e retirar as devidas mais-valias dos movimentos de manada característicos das bolsas diante de notícias veiculadas profusamente e sem certificação por parte da imprensa.
A Grécia mantém-se sob a mira de fogo desses especuladores, por culpa própria, pode ter agora por companhia os PIGS, como depreciativamente os ricos alemães e nórdicos chamam a Portugal, Irlanda, Grécia e Spain, que mostra o quanto desejam estes países no seu seio. Eles também desejam a derrocada destes países para os forçar a sair da UE e não participarem do seu financiamento. Puro erro estratégico e de apreciação.
A queda de qualquer actual país da UE é o fim do euro e da própria União Europeia, com os reflexos convulsivos associados. O fim da Europa.
O que se conhece da economia portuguesa julga-se ser suficiente para se distinguir fortemente do caso grego, no entanto, é pena que a imprensa tradicional dê guarida a notícias, comentários e análises das agências de rating, verdadeiros guardas pretorianos de fundos especuladores e “gangsterinos”, como se fossem oráculos gregos.
São exemplos do lixo que essa imprensa produz, que condiciona comportamentos sociais e económicos a nível mundial, com consequências nefastas, que me leva a acreditar que é importante dar o grito do Ipiranga, de indignação e pugnar por uma imprensa livre dos espartilhos económicos, comprometida com a ética e deontologia profissional. Uma imprensa alternativa comprometida com a verdade.
www.freezone.pt
quarta-feira, 5 de maio de 2010
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