Sem água, sem luz e com interrupções nas comunicações, alguns habitantes da ilha da Madeira estão preocupados com a situação dos seus familiares e com a evolução dos estragos com a subida da maré.
Margarida Freitas Vieira, técnica educacional de 54 anos, vive numa zona alta do “meio da cidade do Funchal” e está “sem água, sem luz, sem telefones e sem televisão”.
“Estou muito preocupada porque só consigo saber o que se passa através da minha janela. O mar está todo castanho por causa da água que lá chega das ribeiras e dos lixos e as ondas estão altíssimas”, descreveu Margarida.
Da janela de sua casa, onde está “segura” mas sem saber da sua família e amigos, a testemunha vê também a localidade de Anadia, mais baixa, e contou que “as estradas mais parecem ribeiras, de inundadas, e correm com muita intensidade”.
Também Paulo França, funcionário público de 42 anos, está preocupado com a situação, e teme “que a subida da maré, prevista às 15h00, traga estragos”.
Paulo e a família estão em casa, também numa zona mais alta da ilha, seguindo as indicações da protecção civil, e descreveu que “nunca se viu nada assim”.
“Estamos perplexos. A força das águas arrastou algumas viaturas de zonas inclinadas e não se sabe se estão vítimas dentro dos carros ou não”, temeu.
Por sua vez Filipe Cerqueira, advogado, tentou ir trabalhar hoje de manhã, mas pelos deslizamentos de terra e pelas inundações demorou três horas a fazer um percurso que demoraria cinco minutos.
“As estradas estão bloqueadas, há pontes que ameaçam cair. É lamentável que a cidade esteja toda diminuída”, considerou.
As más condições atmosféricas acalmaram neste momento e a chuva deu uma trégua, deixando um rasto de destruição sobretudo nos concelhos do Funchal e na Ribeira Brava.
As ribeiras galgaram as margens, arrastando na água lamacenta moradias, carros e pessoas, estando algumas dadas como desaparecidas.
Algumas localidades ficaram isoladas, a circulação faz-se com muitas dificuldades e muitas estradas estão encerradas.
domingo, 21 de fevereiro de 2010
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