Obrigação, trabalho, mercado. Eis o que fizeram da vida esses pregadores da morte que se chamam políticos, banqueiros, grandes empresários, economistas. Reduziram a vida a cálculos financeiros e contabilísticos esses pregadores da morte que nos querem afastar dos nossos companheiros, dos nossos afectos. Revoltei-me contra esses profetas da morte e da conta quando estava na Faculdade de Economia do Porto. Comecei a pôr em causa as contas, os gráficos, os balanços, os orçamentos. Comecei a levar Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, Jim Morrison, Nietzsche para as aulas. "Assim Falava Zaratustra". E agora que leio o "Zaratustra" pela quarta vez o espírito volta a dar voltas.
O homem pequeno só ouve os pregadores da morte, via media. O homem pequeno adora os pregadores da morte. Aceita que a vida se reduza aos ganhos e às perdas. Aceita que a vida não seja vida. Aceita ser reduzido a uma percentagem, a uma cotação da Bolsa. Preocupa-se apenas com o interesse mesquinho e imediato, com a sobrevivência. Não aspira às alturas, ao cume das montanhas. Rejeita o artista nietzscheano, o espírito livre, aquele que cria, aquele que busca o conhecimento, aquele que quer. Porque "o querer liberta"!
A vontade do homem está para lá das moedas e notas dos merceeiros do mercado. A vontade do verdadeiro homem que grita pela liberdade e pela vida nada tem a ver com negócios e com mera sobrevivência. O verdadeiro homem é corpo, espírito e afecto. O homem nobre não é o homem das meias medidas.
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
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