domingo, 6 de setembro de 2009

DOIDO

DOIDO

Para a Cláudia

Sou doido. Só posso ser doido. Vou disfarçando em sociedade mas a verdade é que sou completamente doido. Sou como o Jim. Já tive momentos públicos de loucura e vou voltar a ter. No fundo, até gosto. Este personagem atinadinho faz-me bocejar de tédio. Sou doido. Só posso ser doido. Eu gosto é mesmo da festa, da celebração, do animal de palco. É aí que eu acredito no amor, na vida, na vibração. Sou doido, completamente doido, fora da tua realidade, minha rica. Só estou bem quando me liberto. Quando me fecho sou um chato. Só doido me sinto bem. Não há aqui manias. A mania é a loucura. Não tem outro nome. Olha, vou escrever tudo o que me vier à cabeça. Tudo? Pronto, quase tudo. As gajas agora vêm em grupos de gajas ao “Piolho”. Se eu estivesse em estado de loucura metia logo conversa com elas. Ainda não estou. Dizes que estou a 20 quilos de ter as gajas todas na mão. Se fosse assim valia a pena o esforço. Mesmo assim há umas bêbadas que se fazem e outras doidas na net, para além das “porno-stars”. Mas acredita que eu sou essencialmente doido como o Jim. Vou disfarçando, é o que é. Se estivesse em estado de mania desatava aos berros aqui no “Piolho”. Só uma ténue fronteira me impede de fazê-lo neste momento. Bem, pelo menos, fazes-me escrever. Poucas o fazem. Já te podes sentir satisfeita, triunfal até. Só falta uma gaja dirigir-se a mim agora: “o senhor está a escrever sobre nós, o senhor alimenta-se das nossas conversas”. O senhor é doido, minha rica. O senhor está-se a cagar para as vossas conversas. As vossas conversas não são mais do que a matéria-prima do poeta. Estamos na fábrica. Continuamos na fábrica. Só a minha loucura é real. Tudo o resto são criações minhas. És uma criação minha, minha rica! A merda da cerveja está a acabar. Essa é a minha realidade. Esse é o único problema real que tenho. Que se fodam as gajas! Não passam de um monte de mamas e de cu e de cabelos e de cona que crio na minha cabeça. Não sei para que é lhes damos tanta importância. O que importa é a cerveja e o papel, a tinta, a caneta e a minha loucura. Isso é que importa. Bem sei que estou a ser cruel com as gajas. 21:39. Tem piada que as gajas agora vêm sozinhas, isto é, sem gajos, ao “Piolho”. Isto hoje está mesmo a render. Vivam as gajas! Afinal sempre servem para alguma coisa. Mas confesso que, neste momento, preciso mais de cerveja do que de gajas. Traz mais uma, ó Adriano! Uma cerveja e uma gaja, duas gajas, até podem ser aquelas lá do fundo. Porra, isto é que é estar inspirado. Isto é que é escrever. Isto é a santa loucura, António. Nunca fui tão longe. E agora só vejo gajas, só vejo gajas à minha frente. Algumas são feias, claro, essas que se fodam. E é assim. Mesmo sem falar com ninguém há mais de uma hora um gajo diverte-se. E chegam mais gajas. Isto hoje é sempre a abrir. Um gajo até se perde.

1 comentário:

Claudia Sousa Dias disse...
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