terça-feira, 1 de setembro de 2009

CAI, PRIMEIRO, CAI, PRIMEIRO


Secretário-geral do PS acusa Manuela Ferreira Leite de “asfixia democrática”
Sócrates diz que a verdade está a vir ao de cima no caso Freeport
01.09.2009 - 22h42 Lusa
O líder do PS manifestou-se hoje convicto que a verdade "está a vir ao de cima" no caso "Freeport" e acusou Manuela Ferreira Leite de "asfixia democrática" por afastar pessoas por "delito de opinião".

"Espero uma conclusão do processo [Freeport] de forma formal. Até agora são apenas notícias", declarou José Sócrates na parte final da entrevista que concedeu à RTP, depois de confrontado pela jornalista Judite de Sousa com notícias que indicam que não será chamado a depor no âmbito deste caso.

No entanto, José Sócrates manifestou-se confiante que "a verdade vem sempre ao de cima e ela está a vir ao de cima e virá ao de cima" no caso Freeport. Interrogado se espera que o caso Freeport esteja encerrado antes das eleições legislativas, Sócrates limitou-se a sublinhar a sua confiança na justiça. "A justiça tem de ter o seu próprio tempo. Não tenho o direito de exigir para mim mais do que para qualquer outro cidadão", respondeu o primeiro-ministro.

Questionado sobre o motivo por que nunca tomou a iniciativa de pedir ao Ministério Público para ser ouvido sobre o caso Freeport, o secretário-geral do PS afastou totalmente essa hipótese.

"Não devo nada ao Ministério Público nem tenho nenhum problema de consciência. Era só que o que faltava", reagiu. A seguir, Sócrates salientou que, no processo de licenciamento do Freeport, a sua participação resumiu-se a uma reunião.

"Dei orientações aos serviços para que se cumprisse a lei escrupulosamente, uma nova avaliação de impacto ambiental e nada mais do que isso. Esse empreendimento foi aprovado garantido todas as regras ambientais e, se houve alguém que referiu o meu nome, essa referência foi abusiva, ilegal e ilegítima", declarou.

Ao longo da entrevista, José Sócrates traçar um cenário de bipolarização entre PS e PSD nas próximas eleições: "Só há dois partidos que podem ganhar as eleições e só há duas pessoas que podem ser primeiro-ministro", disse, já depois de ter apresentado as diferenças entre si e a líder social-democrata, Manuela Ferreira Leite.

Boa parte da entrevista foi de resto marcada por sucessivas críticas a Manuela Ferreira Leite.

Sócrates acusou a líder social-democrata de "confundir o país com o partido" a propósito das críticas que esta lhe fez sobre a existência de asfixia democrática em Portugal, exemplificando com o caso de Pedro Passos Coelho que "não está nas listas [do PSD] porque pensa de maneira diferente", o que indicia um afastamento por "delito de opinião".

"Eu tenho nas listas do PS pessoas que discordam de mim", contrapôs, lembrando que João Soares, que foi seu adversário na corrida à liderança dos socialistas em 2004, é cabeça de lista do partido por Faro e na primeira vez que foi deputado entrou pela sua quota pessoal. "Manuel Alegre foi convidado" para integrar as listas de deputados do PS "e decidiu não aceitar", acrescentou, referindo-se a outro dos seus opositores internos.

Interrogado sobre o papel que poderá ter o Presidente da República nas próximas eleições, José Sócrates começou por sublinhar a existência da parte do Governo de uma "cooperação institucional sem falhas". A seguir deixou o seguinte comentário: "acho que o senhor Presidente da República não permitirá que ninguém utilize a sua figura institucional em seu favor. Cada um deve pedalar a sua bicicleta".

A fechar a entrevista, Judite de Sousa questionou Sócrates como se sente quando dizem que é um dos mais "sexys" primeiros-ministros da Europa, ao qual o primeiro-ministro respondeu que “não tem a vaidade da falsa modéstia” e procura andar “arranjadinho”, não fazendo mais do que o cidadão comum. "A minha única vaidade são os meus filhos", respondeu.

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