segunda-feira, 13 de julho de 2009

DA CAGADEIRA ATÉ DEUS E ALÉM DE DEUS


Da merda até Deus
da cagadeira até Deus
e além de Deus
é como estou hoje
ultrapassei os limites da poesia
até matei Deus
e agora faço-o ressuscitar
num copo de cerveja
nunca fui tão longe
como hoje
nunca tive um dia tão triunfal
como hoje
e só saí para ir às Guardeiras
fazer uma análise ao sangue
além de estar no "Somar" e na "Motina"
até a caneta preta
deu o berro
escrevo agora a vermelho
escrevo com o meu próprio sangue
tudo sai em comunhão
com Nietzsche
já nos anos 90 escrevi
umas coisas místicas:
"Big Trip, Big Sleep", "Bailarino"
mas nunca tinha atingido
a lucidez de hoje
nunca tinha ultrapassado Deus
da "Motina" ao "Somar"
ultrapassei Deus
caguei em Deus
caguei Deus
é impossível um homem
chegar tão alto
não há aqui regras
nem limites
sou o poeta do mundo
mundo, escuta-me!
Sou completamente livre
sou um homem
para lá dos homens
alcancei a eternidade
"amo-te, ó eternidade!"
A eternidade está aqui
nas minhas mãos
na minha caneta
nos meus versos
cago de alto para vós,
ó futebolistas!
Ganhais milhões
mas não passais de uns escravos
cago de alto para vós,
ó merceeiros, moedeiros, banqueiros, bolsistas!
A minha riqueza é infinitamente
superior à vossa
cago de alto para vós,
ó poetas da corte,
que os vossos versos se enterrem
para sempre na merda!
Cago de alto para vós,
ó conformistas!
Adaptai-vos a tudo
mas não sabeis o que é a vida
a vida é isto
é o que faço agora
tudo o resto é conversa.

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