Não tenho com quem falar e escrevo
é certo que também procuro a solidão
exilo-me aqui na zona
não vou à cidade
o homem das doenças
fala com outro homem
não se dirige a mim
como ontem
o homem com o dom da palavra
não apareceu
como já disse noutro texto
cultivo uma certa distância
não me dou facilmente a conhecer
encontrei esta caneta na estrada
está meia partida
mas ainda escreve
até parece que caiu do céu
estes cafés quase sem clientes
e sem televisão ligada
fazem-nos escrever
e, porra, não me canso de dizê-lo:
nunca escrevi tanto como agora
todo o pensamento
se passa para a folha
até o sol ajuda
é impressionante
prossigo o diálogo comigo próprio
não tenho com quem falar
e escrevo
não sou daqueles que mete conversa
facilmente
corro riscos de enlouquecer
bem o sei
mas há que prosseguir viagem
o homem das doenças bebe cerveja
a gerência janta
as minhas amigas
às vezes vão ter comigo
as minhas amigas
às vezes emprestam-me dinheiro
sou o homem da solidão
sou o homem que escreve
e que anda de tasco em tasco.
segunda-feira, 29 de junho de 2009
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