sexta-feira, 19 de junho de 2009

AOS 100 anos do Piolho

OS 100 ANOS DO "PIOLHO"



Comecei a frequentar o "Piolho" há cerca de 20 anos, era eu estudante de Sociologia na Faculdade de Letras. O "Piolho" sempre foi um espaço de debate aberto, de tertúlia. Tive aqui grandes discussões, discussões apaixonadas, inflamadas até aos berros. Os temas variavam: a política, a religião, o sexo, o futebol, a literatura. No "Piolho" pode-se discutir tudo, é um espaço de liberdade e ninguém olha para nós de lado se ficamos sós à mesa a ler ou a escrever. Escrevi vários poemas no "Piolho". Alguns perderam-se para sempre, outros ficaram registados em livro, outros aguardam publicação. O "Piolho" não é um café como os outros. Não é daqueles cafés onde simplesmente vamos tomar café ou beber uma cerveja. O "Piolho" tem uma História e muitas estórias para contar, tem uma tradição, tem vida. A vida passa-se no "Piolho". Da bandeja dos empregados ao decote das gajas. No "Piolho" bebe-se e apanham-se bebedeiras. Vive-se e escreve-se sobre a vida.

Não se vai ao café. Vai-se ao "Piolho". Neste momento estou à mesa do "Piolho" e bebo um fino. As gajas do lado conversam. Sou um poeta de café. Aqui sinto-me em casa.



António Pedro Ribeiro, "Piolho", 18.6.2009

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