segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

O POETA SENTADO QUE BEBE E ESCREVE


O poeta senta-se, bebe e escreve
não há mais do que o poeta que se senta, bebe e escreve
o mundo todo se dilui aí
é certo que há pessoas que andam e se movimentam
é certo que há pessoas sentadas a tomar café
mas o poeta mantém-se inalterável, bebe e escreve
pela cabeça passam-lhe muitas coisas
desejos, histórias, memórias,
e as pessoas passam, mostram os novos rebentos ao mundo
mas o poeta está fora do mundo
o poeta não se preocupa com as questões do senso comum
o poeta quer ser grande e livre e sublime
o poeta preocupa-se com a qualidade dos seus escritos
sabe que nunca escreveu tanto
como no ano que agora finda
sabe que a musa vem ter com ele
mas agora foi aos saldos fazer as compras da época
o poeta não liga a essas coisas
desde que ela continue bonita
desde que ela venha ter com ele
e o poeta sentado, bebe e escreve
as conversas mundanas, por vezes,
são o mote dos seus escritos
mas, no fundo, o poeta não lhes dá grande importância
o poeta sentado que bebe e escreve
as preocupações do poeta são outras
se a caneta falha
se há papel que chegue
o poeta sentado que bebe e escreve.

1 comentário:

Claudia Sousa Dias disse...

a tinta renova-se. se não há papel, há bits e bytes.

o importante é que a musa não deixe de alimentar o sonho do poeta.

CSD