sábado, 6 de dezembro de 2008


Quero estar próximo dos deuses
quero que as alucinações se voltem
a apoderar de mim
quero a criação pura
quero trovões e bombas rebentem
em redor da confeitaria
quero andar atrás dos fantasmas
Nietzsche! Nietzsche!
Ó grande Zaratustra
mantém-me longe do rebanho
faz de mim o poeta louco
o Ubermensch
que se passeia na corda-bamba
do devir

Nietzsche,
a Grande Náusea está em mim
falas-me da Vida
de um mundo de senhores
mas aqui eu só enxergo o tédio
Nietzsche
quero escrever como tu
farto-me de cantar as gajas loiras
que se exibem para mim
na confeitaria

Nietzsche
os profetas da morte cercam-me
por todo o lado
falam-me de dinheiro, trabalho,
castrações, conversões
Nietzsche
aos dezanove anos já seguia a via
mas a canção deles amoleceu-me
depois, em certas noites,
Dionisos veio ter comigo
levou-me pela mão
pôs-me no palco
fez-me dançar
ria-me sarcasticamente nas barbas deles
então toquei a Vida
amei-a, forniquei-a
desejei que ela durasse eternamente
tentei arrastar alguns para o meu barco
não consegui
tiveram medo
segui sózinho
criei, segui o instinto e a luz
mas depois encheram-me de comprimidos
voltei à vidinha
perdi as forças e a vontade
passo a vida a lamentar-me.

1 comentário:

Claudia Sousa Dias disse...

Que tal voares numa asa delta?


;-)


CSd