sábado, 13 de dezembro de 2008

AINDA TERRA






O meu poema "Terra", publicado na colectânea "do silêncio" (Edições Silêncio da Gaveta) intriga-me. Já me tinha quase esquecido desse poema, quando depois de uma primeira parte de desilusões com o palco, com as mulheres, com a realidade fora dos livros, com a TV e com o futebol terrenos surge uma segunda parte: "regresso ao bosque ao Graal/ao inferno à santa loucura/e queres ficar lá para sempre/e queres ficar para lá da mente", uma segunda parte absolutamente mística, relacionada com os meus estados maníacos em que aos ventos da eternidade do Santo Graal sucedem infernos de perseguição e de (santa) loucura. Um poema escrito há cerca de dois anos em estado quase alucinado que termina nos braços da "Grande Mãe/Terra". Um poema que diz que para lá ou para cá da terrinha, da vidinha quotidiana do tédio, da "plateia deserta" e das "mulheres tomadas" existe uma Vida, um "bosque" onde procuras o Santo Graal, onde desces aos infernos, onde tens encontros com a "santa loucura", onde "queres ficar para sempre" porque sabes que, no fim, regressas (eterno retorno) ao "mito criador", ao Uno Primordial, á Grande Mãe, à Terra, ou seja, a ti mesmo, à criança sábia de Nietzsche.

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