terça-feira, 28 de outubro de 2008

ALAIN KRIVINE


Quebrando o ciclo infernal metro-trabalho-cama, as multidões anónimas que, na rua, no mercado ou na estação, se empurram e correm ignorando-se, bestas anónimas acotovelando-se para conseguirem lugar no metro, aperceberam-se de que caminhavam lado a lado sem se conhecerem mas que tinham na verdade uma quantidade de coisas a dizerem umas às outras. A rua desatou a falar e não se pode esquecer os grupos que aí ficavam noites inteiras a discutir; a boleia tornou-se um serviço natural- um lugar ocupado para quatro vazios passou a ser um absurdo. Embora isto fosse apenas uma amostra de revolução, já se respirava a liberdade, a libertação dos homens.
(Alain Krivine, "Questões Sobre a Revolução", pp. 104, Biblioteca Arcádia)

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