segunda-feira, 15 de setembro de 2008
SOU O POETA
Sou o poeta
que não aparece
nas colectâneas
sou o poeta
que não se adapta
à vida prática
que não atina
com as leis do mercado
que se aborrece
com o quotidiano
com a fala fácil
com a piada a propósito
sou o poeta
que não se reduz à mercadoria
que permanece à mesa
que tem os livros na livraria
sou o poeta
que vive como poeta
que ama os surrealistas
que vem ter com a amiga
sou o poeta
que escreve nos cafés
que vai aos bares
e bebe copos
sou o poeta que berra
que insulta
que amaldiçoa
sou o poeta
que traz a magia
que vomita a poesia
sou o poeta
que traz a revolta.
Porto, 14. Set. 2008
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