domingo, 14 de setembro de 2008
DIÁRIO
Estou noutro café no Porto. Há poucos cafés abertos ao Domingo. A TV passa filmes de aventuras. Ando a dormir muito. Estes filmes americanos da fala fácil, da piadinha a propósito já enjoam. Sou um poeta! Um poeta que não aparece nas colectâneas de novos poetas. Um poeta que não atina nem se adapta às leis do dinheiro, do trabalho e do mercado. Um poeta que se aborrece com o quotidiano mas que ainda assim escreve sobre o quotidiano. Um poeta que ama os surrealistas e os situacionistas. Um poeta que não se reduz à mercadoria. Um poeta que vem ter com a amiga. Um poeta que está, uma vez mais, à mesa. Um poeta que tem os livros na livraria. Um poeta que vai vivendo como poeta. Um poeta que vai aos bares e bebe copos, que só não bebe mais porque não tem mais cacau. Um poeta que escreve nos cafés.
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