quinta-feira, 4 de setembro de 2008
DIÁRIO
Estava bem em Braga com a Gotucha. As simples idas ao café pareciam épicas. Aqui em Labruge vêem-se gajas boas de biquini e ouve-se a conversa das gajas bonitas da mesa do lado. Ontem no Púcaros fizemos uma homenagem ao Castro Caldas. Estou a perder o fôlego de Agosto. Tenho medo de voltar a mergulhar na depressão. Não há dúvida. O álcool faz-me falta. Será que este diário irá alguma vez ser publicado? Voltamos à mesma. O mundo é uma merda. Vá lá que ainda se pode olhar para as gajas. Vá lá que ainda posso escrever livremente. Vá lá que não estou cego e que ainda posso ler uns livros.
Desfile de tractores na estrada. Estou na praia de Labruge, terra da Teresa loirinha que agora também aparece na televisão como a Márcia. As minhas antigas colegas adaptam-se ao mundo apesar de embirrarem de vez em quando. Eu, pelo contrário, não devo passar dos 50. Vejo bem o destino dos gajos que levaram uma vida semelhante à minha. O fígado não vai aguentar. Já está meio fodido.
Ainda não arranjei editora para o próximo livro. Até já tenho material para dois livros. O título "Declaração de Amor ao Presidente da República" é uma tentação. O Isaque disse-me que perguntaram por mim em Paredes de Coura. Mas ainda estou na semi-obscuridade, como diz a Cláudia. A minha poesia é sobretudo "underground". Não é para as massas, embora até se dirija a elas. Ah! Ah! Afinal consigo escrever. Os poemas é que custam a sair. Quem estará interessado em publicar os monólogos de um poeta semi-obscuro?
A gaja traz as mamas e o gelado. Anjo em chamas, diz-me quem amas.
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