O Joaquim morreu hoje.
POMPEI
o verão este ano vem por dentro
precoce alto ágil visionário
as flores e os insectos ao anoitecer
vão largar as lapelas e as colecções
inflamando o faro à vida interior
alterando o ritmo aos fins de sonho
de madrugada os poetas explodem
que se deitem tarde ou não se deitem
crianças aparecem com bagas no estômago
delirantes de febre sem estar doentes
é escusado pegar fogo às árvores
porque só olhar para lá arde
os pintores fornecem o que se queimar
e os antropólogos a luminosidade
os velhos morrem com alpercatas de pau santo
e os pássaros vão ficar com voz de mulher
os ciúmes vêem-se de fora com o sol
e os beijos ficam agarrados à pele.
Joaquim Castro Caldas, "Impressões Digitais dos Deuses", silêncio da Gaveta.
domingo, 31 de agosto de 2008
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2 comentários:
Não conhecia, confesso; mas pelo que mostras vou ver melhor o que há da sua obra.
Está em paz!!!
E como ele preencheu parte da vida de muitos nós. Um abraço.
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