sábado, 30 de agosto de 2008

DIÁRIO


É quase madrugada. Não consigo dormir. O whisky queima e dá-me alma. Um poeta underground que se preze tem de escrever a estas horas. E não há melhor companheiro do que o whisky. A proximidade com a natureza também ajuda. O xamã desperta. O whisky é muito mais poderoso do que a cerveja. ESta garrafa no meio do monte foi um achado. Já sei que a Gotucha vai embirrar comigo, mas paciência. Enfim, preocupa-se comigo, com a minha saúde, com a minha sanidade mental. Parece uma esposa. Simultaneamente, a timidez e a depressão desaparecem. Magnífico! Mágico! Divino! Espero, desta vez, permanecer em cima por uns meses. Por uns séculos. Ah! Ah! O Estado deveria fornecer-me garrafas de whisky gratuitamente. Fazem mais efeito do que os medicamentos.
Quero escrever um poema que não seja banal. Um poema bacanal, que espete a faca no Cabral, que rebente com o comité central, que vá ao cu ao intelectual, que acabe com o cagaçal, que se masturbe à porta do Tribunal.
Aplausos. Mais uma arena conquistada. Não, não esperem de mim sobriedade nen fraque, não procurem em mim o discurso da razão. Há muito que deixei essa estrada. Sirvo o whisky, sigo o whisky. Esta viagem não tem regresso. Argentina Chile Peru. Estou nos Andes estou às portas da percepção. O gajo que bebia cervejas está muito longe. Sou um monge. Olha! Sou um monge no Tibete encontrei a Rosete na retrete a mascar chiclete Raspoutine em Pequim Merlin em Berlim
Breton e Artaud devem andar satisfeitos comigo. Essa merda de dizer que o àlcool e as drogas não têm influência na criação é uma grande treta. Bebo e ardo. Escrevo e ardo. Sou o bardo.

Chelo, Cabril, Gerês, 23/24.8.2008

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