segunda-feira, 16 de junho de 2008

MANIFESTO


Manifesto do Colectivo Anarquista Hipátia


http://cah.pegada.net/

Declaração de Princípios

Não temos filiação determinada, mas somos irmãos de todos os que desde os alvores da Humanidade sonharam ser livres entre iguais e diferentes, ajudando a que rompesse uma relação de partilha e amizade entre indivíduos e povos, e de harmonia entre os seres e para com a Terra e o Universo.

Somos órfãos, temos que forjar a nossa própria reflexão, crítica e teórica, a partir da observação atenta, do estudo e do diálogo. Nosso. Ainda que ajudados pelos contributos dos que nos antecederam e dos que nos acompanham com esse sentido crítico e utopia a que aspiramos. Disponíveis para o confronto atento e aberto.

É rico o nosso património, espiritual, difuso e amplo. E só nesse sentido nos sentimos herdeiros. Herdeiros da luta camponesa, da revolta esparquista, das aspirações igualitárias dos milenaristas medievais, da luta dos quilombos, da Comuna de Paris, das revoluções cedo esmagadas na Rússia e Alemanha dos conselhos operários, da rebeldia makhnovista, do espírito libertário de Kronstadt, do México de Villa e Zapata, da Espanha das comunas libertárias, das lutas pela liberdade contra os impérios russo e americano, do Maio 68, da libertação anti-colonial em todo o mundo, do 25 de Abril pós-militar, a contemporânea via zapatista e magonista, e do movimento de resistência ao capitalismo em toda a parte.

Herdeiros da luta das mulheres contra a sua opressão milenar, da luta por uma livre identidade, autodeterminação e orientação sexual.

Herdeiros da luta contra a imposição de um modelo civilizacional embrutecedor mas dito superior, tábua rasa da história e organização social de muitos povos, e da luta contra o preconceito xenófobo e racista.

Herdeiros da luta contra a apropriação privada e a destruição da terra, da água, do ar e dos seres vivos que neles coexistem.

Herdeiros da luta contra a apropriação do nosso pensamento e da nossa energia, contra a normalização mediática, massificadora e brutal, contra a tecnologia ao serviço do império, quer se afirma nuclear, genética, digital, vertiginosa.

Herdeiros da luta contra a resignação em vista da recompensa num qualquer longínquo amanhã, seja ele místico ou político.

Não pretendemos trazer atrás de nós seja quem fora, nem sequer indicar o caminho ou um caminho, antes fazer parte de um processo partilhado e construído em comum, com o contributo controverso e sujeito à prova, da nossa ideia e método, assente no debate colectivo, na decisão por consenso, na experimentação.


Somos anarquistas.

Sem comentários: