domingo, 17 de fevereiro de 2008
POETA
POETA
Sou um poeta!
Pelos deuses,
Um poeta!
Não tenho de cair
Aos bocados
A cerveja dá-me ânimo
Não tenho de apodrecer
Na cama
Sou um poeta!
Merda!
Não posso esmorecer
Sou um poeta
Um vulcão adormecido
Que passa incógnito
Na aldeia
Sou um poeta
Os deuses deveriam estar
Do meu lado
Sou um poeta
A solidão é o caminho
Que conduz a mim mesmo
Sou um poeta
Trago luzes celebrações
Sou um poeta
Sofro
Esta merda dá cabo de mim
Não posso ceder
Não posso cair
Sou um poeta
Já não vou às noitadas
Nem às pedradas
Estou a envelhecer
Os amigos vêm
Mas desaparecem
Estou a ficar despalavrado
Mas o sangue rola
Os homens conversam
Acerca do tempo
Sou um poeta
Dionisíaco- dizem
Deveria estar em Braga
De café em café
A estoirar o cacau
Miúda do “Astória”
Que vinhas de mini-saia
Se calhar casaste
Tiveste filhos
Sinto a tua falta
Neste café ermo
De Vilar do Pinheiro
Onde os homens despejam
Cerveja ao balcão.
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