Irreverência da Palavra
António Pedro Ribeiro nasceu no Porto, em Maio de 68. Actualmente vive em Vilar do Pinheiro. É licenciado em Sociologia pela Faculdade de Letras do Porto. Depois de publicar em parceria com Rui Soares o livro de poesia “Gritos. Murmúrios” (Braga), publicou, “À mesa do homem só”, (Edições Silêncio da Gaveta), “Sexo noitadas e rock n’roll”, (Edição de Autor); “Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro”, (Objecto Cardíaco) e, Saloon, (Edições Mortas). Com Rui Costa e André Guerra nas guitarras, alimenta a Banda Mana Calórica, um projecto anarco-punk.
Voz da Póvoa - O livro Saloon, traz-nos à memória os filmes de cowboys, ou é um duelo dos novos tempos? António Pedro Ribeiro - Tem de facto a ver com os westerns americanos, ou as estórias do cowboy solitário, como o Lucky Luke que li quando era miúdo, oferecido pelo meu pai. Aprende-se muito com a banda desenhada, percebe-se a psicologia das multidões, onde os tipos aparentemente mais santos são vigaristas e os suspeitos podem ser afinal Jesus Cristo ou o filósofo Sócrates. Uma mistura actualizada pela máscara de políticos, assessorias e outras coisas mais engravatadas. Um western dos tempos modernos que se completa com poemas líricos, de amor, de sexo, outros místicos, onde a mulher está sempre presente. Voz da Póvoa - No livro há um lado solitário da personagem que parece desinteressada do futuro...António Pedro Ribeiro - Não gosto de previsões, pouco me interessa o que se vai passar daqui a dois anos, desde que esteja inteiro está tudo bem. Habituei-me a andar sozinho, A solidão sem excessos, é necessária para interpretar, observar o que se passa à nossa volta. Se não o fizer, se não o sentir, não consigo escrever. Para se ser um poeta um filósofo ou um músico, não podemos estar só nos livros, temos que saltar fora e por vezes temos que fugir das multidões. Quando estive no palco em Paredes de Coura com umas centenas largas de pessoas à minha frente, foi bom, mas depois não soube sair, pensava que ainda estava no palco. Voz da Póvoa - Estar no palco é para o actor ou o músico, um momento efémero? António Pedro Ribeiro - O palco é eterno, é onde me sinto completamente livre, como dizia o Léo Ferré, no palco já não sou eu... ou então sou eu mesmo. O actor não é aquele que representa mas o que veste a personagem, depois tem que saber despi-la, porque senão enlouquece. Não fui eu que disse isto, mas penso da mesma forma, a eternidade não é a vida eterna, o instante é que é eterno. Enquanto estás no palco, se estás bem é eterno, nunca mais vais esquecer aquele momento. Voz da Póvoa - A Banda Mana Calórica passou por um estúdio no Porto, vem aí um CD? António Pedro Ribeiro - Depois dos espectáculos e viagens já efectuadas que começam a dar outra dimensão ao projecto, havia a necessidade de gravar em estúdio uma maqueta com qualidade para entregar em lugares de espectáculo, para um primeiro contacto com o projecto e ao mesmo tempo possibilitar aos curiosos e interessados ouvir-nos em www.myspace.com/manacalorica Este segundo passo, está a correr melhor do que pensávamos à partida. O tema “Faca” tem já mais de mil visitas.
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