sábado, 24 de março de 2007

DO SIX E DA OTA





Na realidade, Santana Lopes, não pode dar um passo fora da linha imaginada para ele, sem que lhe caiam de imediato em cima. Tive essa percepção hoje, ao ler a notícia referente ao debate aceso de ontem sobre o futuro aeroporto da OTA, no Jornal de Notícias. Referiu-se o dito escrivão ao debate como “penoso”, descrevendo como “desnecessária” a intervenção de Santana Lopes, quando este pediu a palavra para clarificar o papel do governo por si liderado no módico espaço de três meses. Mas penoso, porquê? Para quem? Para Marques Mendes ou para o Pinóquio? Para ambos? Ou para nós, que vamos ter que desembolsar os tais 16 mil milhões para pagar um negócio envolvido num obscurantismo que deixa várias questões sem resposta. Eu, por exemplo, gostaria de ver escarrapachado no jornal os nomes dos actuais donos dos famosos terrenos, quando foram adquiridos e por quem! Ou será que é segredo… de Estado?!

Ah! Não posso esquecer as famosas derrapagens financeiras nos anteriores projectos megalómanos dos socialistas! Quem me garante a mim que afinal os 16 mil milhões não se vão transformar em 32 ou até 64?

Ok, já sei que a memória é curta e que comemos muito queijo! Esquecemos o essencial para valorizar o acessório. Foi isso exactamente que fez o tal de escrivão do JN, que merecia melhor. Deu demasiada importância ao aspecto da interpelação de Santana Lopes e até duas páginas à frente o colocaram negativamente no barómetro do jornal. Está de parabéns, o jornal, pelo péssimo serviço prestado.

Infelizmente, raros são os jornais que se dedicam à investigação em prol da verdade. Nós, os comuns mortais, dependemos e muito do trabalho sério efectuado por tais raros seres, pelo direito que nos assiste, enquanto cidadãos e eleitores, de saber para onde vai o raio do dinheiro ganho à custa do suor de tantos.

Mas voltando à figura de Santana Lopes, o crucificado, confesso que gosto da sua pose, do seu discurso, do incómodo que provoca nas cinzentas hostes do seu grupo partidário e não só. Ao contrário destes, tem sentido de humor, veste bem e já se deitou com algumas das tipas mais badaladas das revistas cor-de-rosa. Um ser raro que se destaca dos gurus mal amanhados e feios. É bom saber que ainda “anda por aí”…

Está de parabéns Marques Mendes que, finalmente, se pôs em bicos de pés e deu umas palmadas de luva branca no tutu rosado do Pinóquio, ao responder-lhe à letra na questão do oportunismo político protagonizado por ambos, atirando-lhe ao nariz as promessas ocas de esperança que não passavam de mentiras, numa agora óbvia caça ao voto, e terminando com um "o senhor tenha tenho na língua"... Pinóquio ganhou nesta questão. Na do oportunismo, claro, porque no debate em geral esteve nervoso, à defesa, irritadiço, teimoso... sinais da mudança dos tempos.

De tanto berrar sobre a OTA, ainda vira um caso clínico, digno dos conselhos do Mestre e Professor Pais Clemente.


NOTA DA REDACÇÃO: Não concordamos com o texto todo, mas no essencial vai à raíz e é, portanto, radical.



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