O último dos poetas românticos
escreve
em público
virado para as meninas
vidrado com as meninas
com os cabelos das meninas
com o vinho das meninas
Bacantes à minha mesa
asceta das montanhas
anjo em chamas
Dionisos sem cheta
Ficar ou partir
entre a maternidade e a loucura
entre a normalidade e a amargura
escreves em público
entre os poetas da moeda já não se usa
foge a boca para a garganta
para a barriga para a botija
sem gás cheio de gás
estás e não estás
vens da idade que não tem idade
do Uno Primordial
não daqui nem dali
mas de Dali para sempre
do lago do antigamente
já não suportas as conversas
do habitualmente
só queres mamas cona sexo
animal que lambe
e sobe
o teu corpo
o teu copo
animal de palco cantor
mais um copo
para acabar de vez
a penar no lazer capitalista
a pinar o artista
o sorriso do contabilista
até à desgraça
minha graça
mi madre
mi cabeza
mulheres em mim
que vai ser de mim?
Una mas, até ao fim.
A. Pedro Ribeiro, Vila do Conde, 1. Dez. 2006.
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