sábado, 3 de fevereiro de 2007

NO SALOON A GINGAR

"Saloon" de A. Pedro Ribeiro (Edições Mortas) http://edicoes-mortas.blogspot.com sucede a "Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro. Manifestos do Partido Surrealista Situacionista Libertário" (Objecto Cardíaco) e fala dos cafés e da noite nos bares da cidade, do álcool, da mulher, do sexo, da subversão, da raiva, do palco mas também da alma, do espírito, num certo misticismo redentor expresso em poemas como "Madalena" ou "Jesus". Depois há sempre o pistoleiro (ou o poeta) que entra a gingar ou a matar no "Saloon" onde já estão os cowboys, os jogadores de cartas e as bailarinas. Até fechar.

A NOITE MORRE
A noite morre
Aos poucos
No café das conversas
Um aquecedor protege-me do frio
E os homens que bebem pedem rissóis
Ao som de música minimal repetitiva
A noite morre à minha mesa
Enquanto o estalajadeiro conta os trocos
Que caem da máquina do tabaco
Que o Governo quer abolir

A noite morre
Mas ainda há gente que ri
Gente que se cruza e encontra e desencontra
E "freaks" a entoar cânticos futebolísticos

Ah! E depois sou eu que sou esquizofrénico
Sou eu o doido
Fechado no manicómio
No meu condomínio fechado
E a noite morre na cidade.

Vila do Conde, 14. Fev. 2004.
A. Pedro Ribeiro

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