segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

AOS MEUS AMIGOS, SEMPRE

AOS MEUS AMIGOS

Onde estais vós,
Meus amigos,
Que me beijais a cara?
Já partistes deste mundo
Ou continuais a caminhada?
Onde estão as conversas que nos elevam
E as gargalhadas sem medo
Que enfrentam os medíocres
E a corja mercantilizada?
Onde estais,
Irmãos de sangue,
Que bebeis da minha taça?
Camelot Elsenor
Aí celebramos a aliança.

Onde estais vós
Que sois eu
Só num bar até de madrugada?
Tentaram sempre aniquilar-nos
Encostar-nos à parede
Até à última cilada
Mas nós resistimos sempre
Ao cântico da sereia.
Onde estais, companheiros,
Agora que vos chamo
Do fundo do Totem
À beira do nada?

Bem sei que para nós
O caminho é doloroso
Mas o que nos guia
Não são as leis do mundo
Nem do mercado
Mas a luz ao fundo da guitarra.
Onde estais, amigos,
Porque não bebeis a taça?

Conquistadores do oculto
Pesquisadores da alma
O caminho somos nós
Mas a visão ainda não é
Inteiramente clara.
Onde estais, irmãos de sangue,
Companheiros de noitada?

Abençoados malditos
Reis sem trono
Esperamos a última batalha.

Olhos de Deus
Voz de Satã
Iluminações
Até ao fim da estrada.

Vila do Conde, Pátio, 20.1.2007.
A. PEDRO RIBEIRO