1) Que nao apoiamos qualquer partido, grupo, directriz politica ou ideologia e que na sua frente apenas nos resta tomar conhecimento: algumas vezes achar bom, outras vezes achar mau. Quanto a nossa propria doutrina, os outros hao-de falar.
2) Que nao simpatizando com qualquer organizaçao policial ou militar achamo-las, no entanto, fruto e elemento exacto e necessario da sociedade- com quem nao simpatizamos igualmente.
3) Que sendo nos individuos livres de compromissos politicos permaneceremos em qualquer local com o mesmo a vontade. Seremos nos os melhores cofres fortes dos segredos do estado: ignoramo-los.
4) Que sendo individualidades e, portanto, abjeccionamente desligados das normas convencionais, temos o maximo regozijo em ver essas normas nas componentes da sociedade. Assim delas daremos, por vezes, testemunho e mesmo ensino.
5) Que nao somos contra a ordem, o trabalho, o progresso, a familia, a patria, o conhecimento estabelecido (religioso, filosofico, cientifico) mas que na e pela Liberdade, Amor e Conhecimento que lhes preside preferimos estes.
6) Que a critica e a forma da nossa permanencia.
Acreditamos que nestes seis pontos fundamentais vao os elementos necessarios para que o Estado, o Governo, a Policia e a Sociedade nos respeitem; nos ha muito que nos limitamos neles e neles temos conhecido a maior liberdade. Nao se tem do mesmo modo limitado o Estado, a Policia e a Sociedade e muito menos o seu ultimo reduto: a familia. A eles permaneceremos fieis pois todo o nosso proprio destino e nao so parte dele a estes seis pontos andam ligados como homens, como artistas, como poetas e, por paradoxo, como membros desta sociedade.
(Antonio Maria Lisboa, Julho de 1953, in Utopia)
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