em calças de ganga vestidas
esguias no traço
vagas no passo
que as leva e traz
no ruido do trafego
tanto faz, tanto faz...
Fim de tarde em cafe
com uma amiga em naufragio
sacrossanto, altar de espanto
pouco p'ra dizer
a nao ser
beber-te os olhos
beber em tragos
no silencio do quarto de hotel.
o blues marcando a vida
quando o grito desafina
e as ideias explodem
nas veias do poeta
traçando o ritmo, forçando a rima
traçando o ritmo, forçando a rima
as vezes prefiro despejar copos
no meu silencio macabro
nas margens- o deserto
por entre os dedos o medo, o medo...
estou a ficar bebado, sabes
bebado na ansia felina da espera
que abre as portas do prazer...
quero-te! Quero-te!
cai agora em mim
e desci entre aplausos
davam-me honras militares
e um lugar no cadafalso.
cai agora em mim
e vou ser o maior
quero ver-te de rastos a ganir
mergulhando a meus pes.
Quero-te! Quero-te!
os meus olhos caem vermelhos
sob o peso do dia
a musica sabe a whisky.
quando o momento chegar
eu quero ficar no pensamento da madrugada
amanha outro dia
voltaremos cativos
enquanto a promessa da vida
resistir como esperança
de sabor diferente.
Tanto faz, tanto faz...
Antonio Manuel Ribeiro, UHF, in "A Flor da Pele".
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