quarta-feira, 22 de agosto de 2007




ÀS MENINAS BONITAS



Eu quero uma menina bonita


para abracar na praia


eu quero uma menina bonita


para beijar na boca


eu quero uma menina bonita


para olhar para ela


eu quero uma menina bonita


para andar de mão dada


eu quero uma menina bonita


para andar de mao dada


eu quero uma menina bonita


para lhe escrever poesia bonita


eu quero uma menina bonita


que sorria quando me ve


eu quero uma menina bonita


que nao seja gorda nem magra


eu quero uma menina bonita


para que a vida nao seja uma merda


eu quero uma menina bonita


como tu,


Rita.

domingo, 19 de agosto de 2007

TERRORISMO POÉTICO


TERRORISMO POÉTICO (TP)

Dançar de forma bizarra durante a noite inteira nos caixas eletrônicos dos banco. Apresentações pirotécnicas não autorizadas. Land-art2, peças de argila que sugerem estranhos artefatos alienígenas espalhados em parques estaduais. Arrombe apartamentos, mas, em vez de roubar, deixe objetos Poético-Terroristas. Seqüestre alguém & o faça feliz. Escolha alguém ao acaso & o convença de que é herdeiro de uma enorme, inútil & impressionante fortuna – digamos, 5 mil quilômetros quadrados na Antártica, um velho elefante de circo, um orfanato em Bombaim ou uma coleção de manuscritos de alquimia. Mais tarde, essa pessoa perceberá que por alguns momentos acreditou em algo extraordinário & talvez se sinta motivada a procurar um modo mais interessante de existência. Coloque placas de bronze comemorativas nos lugares (públicos ou privados) onde você teve uma revelação ou viveu uma experiência sexual particularmente inesquecível etc. Fique nu para simbolizar algo. Organize uma greve em sua escola ou trabalho em protesto por eles não satisfazerem a sua necessidade de indolência & beleza espiritual. A arte do grafite emprestou alguma graça aos horríveis vagões do metrô & sóbrios monumentos públicos – a arte-TP também pode ser criada para lugares públicos: poemas rabiscados nos lavabos dos tribunais, pequenos fetiches abandonados em parques & restaurantes, arte-xerox sob o limpador de pára-brisas de carros estacionados, slogans escritos com letras gigantes nas paredes de playgrunds, cartas anônimas enviadas a destinatários previamente eleitos ou escolhidos ao acaso (fraude postal), transmissões de rádio piratas. Cimento fresco... A reação do público ou choque-estético produzido pelo TP tem de ser uma emoção menos tão forte quanto o terror – profunda repugnância, tesão sexual, temor supersticioso, súbitas revelações intuitivas, angústia dadísta – não importa se o TP é dirigido a apenas uma ou várias pessoas, se é “assinado” ou anônimo: se não mudar a vida de alguém (além da do artista), ele falhou. TP é um ato num Teatro da Crueldade sem palco, sem fileiras de poltronas, sem ingressos ou paredes. Pare que funcione, o TP deve afastar-se de forma categórica de todas as estruturas tradicionais para o consumo de arte (galerias, publicações, mídia). Mesmo as táticas da guerrilha Situacionista do teatro de rua talvez já tenham se tornado conhecidas & previsíveis demais. Uma primorosa sedução praticada não apenas em busca da satisfação mútua, mas também como um ato consciente de uma vida deliberadamente bela – talvez isso seja o TP em seu alto grau. Os Terroristas-Poéticos comportam-se como um trapaceiro totalmente confiante cujo objetivo não é dinheiro, mas transformação. Não faça TP Para outros artistas, faça-o para aquelas pessoas que não perceberão (pelo menos não imediatamente) que aquilo que você fez é arte. Evite categorias artísticas reconhecíveis, evite politicagem, não argumente, não seja sentimental. Seja brutal, assuma riscos, vandalize apenas o que deve ser destruído, faça algo de que as crianças se lembrarão por toda a vida – mas não seja espontâneo a menos que a musa do TP tenha se apossado de você. Vista-se de forma intencional. Deixe um nome falso. Torne-se uma lenda. O melhor TP é contra a lei, mas não seja pego. Arte como crime; crime como arte.
In Hakim Bey, "Caos-Terrorismo Poético & Outros Crimes Exemplares"
http://www.midiaindependente.org

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

A Saudaçao Triunfal do Gerente


O gerente do cafe sauda-me calorosamente
e tudo se ergue triunfal a minha volta
os vidros estalam as cadeiras rangem
os empregados de mesa
fazem malabarismos com as bandejas

o gerente do cafe sauda-me
faz trocadilhos com as minhas barbas
e o mundo renasce
num copo de cerveja.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007


MAMAS 2

vem-se à cidade
e vêem-se mamas
só mamas, mamas, mamas
vens-te na cidade
e gritas
ó mana, mana, mana,
mamas?
olhas para a tv
e mamas mamas mamas
curtes o piercing
e queres
dama dama dama
dá-ma dá-ma dá-ma!

bebes o princípe
e gramas gramas gramas
curtes a branca
ao grama grama grama
gramas?
chegas à idade
e amas amas amas
vens à cidade
e mamas mamas mamas
mamas?

Porto, Piolho, 19.7.2006

Las Tequillas

Os concertos têm início às 23,00 horas.

LAS TEQUILLAS


A banda Las tequillas dá concertos nos dias 17 e 18, sexta e sábado, na Azenha D. Zameiro em Vilarinho (Vila do Conde).

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

MANA CALÓRICA

MANA CALORICA NA CENSURA PRÉVIA

A banda MANA CALÓRICA dá um concerto no espaço Censura ´Prévia em Braga na próxima, sexta, 10, pelas 23,00 horas. A Mana Calórica é composta por António Pedro Ribeiro (voz), Rui Costa (guitarra eléctrica), André Guerra (guitarra eléctrica) e Bruno Pereira (bateria) e é uma mescla de punk-rock com uma performance poético-musical. "Primeiro-Ministro", "Faca", "loirinha", "Droga", "A Arder", "Boazona", "She's Lost Control" (Joy Division) e "Paredes de Coura" são alguns dos temas a interpretar. A banda pode ser ouvida em www.myspace.com/manacalorica. No mesmo local actua a banda AZIA.

Com os melhores cumprimentos,
A. Pedro Ribeiro.
tel. 229270069.
http://tripnaarcada.blogspot.com

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

MALDOROR, MEU AMOR


MALDOROR, MEU AMOR




Maldoror,


meu amor,


as damas


recolhem a casa


e a rua fica nua e tua


Maldoror


meu amor


dá-me a tua dor


que eu quero ficar


junto a ti


quero a Só e a Mi


quero tudo e mais nada


no fim da noitada


na cidade em decorrada




A. Pedro Ribeiro.

PARA FERNANDO PESSOA


PARA FERNANDO PESSOA




El diablo


no "Martinho da Arcada"


a beber "Macieira"




é sexta-feira


os boatos ladram


e a caravana passa




prima Vera em destroços


chá e torradas


na "Brasileira"




Dionisos palhaços


instintos à solta


é o rocker e a batida


é o singer e a velinha


é o poeta e a alvorada


o catarro e a bebedeira


nos olhos da menina


chuva de pérolas




são só rosas, senhora,


com amêndoa amarga


é pró menino e prá menina


é o "special one" e a vagina


estendidos na avenida


na rua na calçada


rua do Ouro Augusta


no Douro na queca


que dispara...




Indio


cães de raiva


irmãs e àguias


a natureza


à minha mesa


Nietzsche


mulher que chega


rock que paga




do not cross


not the cross


beatnick


beat


beat


it's all over


my warrior king.

Posted by apedroribeiro at 6:20 PM 2 comments

terça-feira, 7 de agosto de 2007

MANA CALORICA


www.myspace.com/manacalorica

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

CONCERTOS


A banda Mana Calórica apresenta-se em concerto sexta, dia 10, pelas 22,30 horas na Censura Prévia, em Braga. A banda Las Tequillas dá um espectáculo no dia 12, domingo, pelas 22,30 horas, no Atlantic Caffé em Mindelo (Vila do Conde).

domingo, 5 de agosto de 2007

ULTRA-SOCIÁVEIS


Sempre odiei os ultra-sociáveis
os que se dão com toda a gente
como se toda a gente fosse igual
e o mundo fosse uma irmandade.

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

AVIZ

No Aviz
as empregadas falam francês
No Aviz
o francês anda atrás das empregadas
falem elas francês, inglês ou português
não é esquisito nem xenófobo
em pátria alheia

e eu regresso aos anos 80
quando vinha para aqui ler
e ver passar os franceses
e as empregadas que falam francês.

A. Pedro Ribeiro.

sábado, 28 de julho de 2007

CARLOS PACHECO

a grande interrogação




2.

o mundo não pode ser assim
um lugar inóspito
onde os ricos se perdem na sua riqueza
e a maior parte da população sobrevive alienada
onde impera a injustiça, a sobrevivência

deus não existe
isso é seguro - sei com tranquilidade

o que fazer com a minha vida?
o que fazer com o tempo que me resta?

/ não sei




3.

tenho 39 anos
e sou um colaboracionista

/ o grande colaboracionista

os novos instrumentos de libertação
afinal transformam-se em grilhetas
de maior injustiça

auto-estradas da informação
auto-estradas da desigualdade

para que sirvo?
/ um condutor de homens exímio
numa estrada sem sentido

libertação pelo conhecimento?




5.

onde está o movimento livre?
qual o gesto útil?

castelos de areia, mês após mês
soldado do capital
absolutamente perene
/ sem significado

o que é real?




Carlos César Pacheco
27 de Julho de 2007
18:00

segunda-feira, 23 de julho de 2007

BENJAMIN PÉRET


Disse o nosso general
com o dedo no buraco do cu
O inimigo
é pr’ali marchar
Era pela pátria
Partimos
com o dedo no buraco do cu
A pátria encontrámo-la nós
com o dedo no buraco do cu
Disse-nos a marafona
com o dedo no buraco do cu
Morram ou
salvem-me
com o dedo no buraco do cu

Em seguida encontrámos o kaiser
com o dedo no buraco do cu
Hindenburgo Reischffen Bismark
com o dedo no buraco do cu
o grã-duque X Abdul-Amid Sarajevo
com o dedo no buraco do cu
mãos cortadas
com o dedo no buraco do cu
Deram-nos cabo das canelas
com o dedo no buraco do cu
devoraram-nos o estômago
com o dedo no buraco do cu
furaram-nos os colhões com fósforos
com o dedo no buraco do cu
e depois muito docemente
morremos
com o dedo no buraco do cu
Rezai por nós
com o dedo no buraco do cu

Tradução de Mário Cesariny.


Benjamin Péret nasceu na França em 1899. Aderiu ao surrealismo na década de 20, após breve militância no movimento Dada, ao mesmo tempo que se associava ao Partido Comunista com o qual veio a romper mais tarde. Em 1924 dirigiu, com Pierre Naville, La Revolución Surrealiste e publicou os poemas D’Immortale Maladie. Viajou para o Brasil em 1929, militando no grupo trotskista local. Casado com a cantora brasileira Elsie Houston, foi deportado do Brasil em 1931. Data dessa época a destruição, pela polícia getulista, do livro O Almirante Negro. Entre 1936 e 1937 lutou em Espanha contra o franquismo, vindo posteriormente a refugiar-se no México. Já na década de 50, regressou ao Brasil. Escreveu sobre culturas indígenas e produziu uma obra poética e ensaística singular, reunida em vários volumes após a sua morte em 1959.