"Qualquer instituição dos nossos tempos, a família, o Estado, os nossos códigos morais, vê em cada personalidade forte, bela e sem compromisso um inimigo mortal; então faz todo o esforço para coagir a emoção e a originalidade do pensamento no indivíduo com um colete de forças desde a mais tenra infância; ou para moldar todos os seres humanos de acordo com um padrão; não numa individualidade integral, mas num escravo paciente do trabalho, um autómato profissional, um cidadão que paga impostos ou um moralista justiceiro", assim falava Emma Goldman já em 1906.
"O ser sensível abomina a ideia de ser tratado como uma simples máquina ou como um mero papagaio do convencional e do respeitável". Perante as imposições da tecnologia, da família, da escola, do mercado, dos media, é quase um milagre a criança ou o adolescente que se lhe segue conservar a força e a pureza iniciais. Só através de ferozes e ardentes batalhas contra a multidão e contra a "opinião pública" a criança e o jovem se emancipa. "O ideal do pedagogo comum não é formar um ser completo, íntegro, original", mas sim, "autómatos de carne e osso (...) que se adequem melhor à esteira da sociedade e ao vazio e monotonia das nossas vidas". Com regras e castrações, com o encaminhamento para o mercado e para o mercado de trabalho se destrói a juventude e a inocência. "Tu deves!", "Tu tens de!", "Isto é certo!", "Aquilo é errado!", assim se castram as sensibilidades e as mentes. Sim, o capitalismo começa aqui. É aqui que se nega a curiosidade, a brincadeira, a liberdade, a autonomia. É aqui que se mata o espírito livre, o próprio amor jesuânico.
quarta-feira, 31 de maio de 2017
quinta-feira, 11 de maio de 2017
A FÉ E O AMOR
Como afirma Ludwig Feuerbach em "A Essência do Cristianismo", tal como a razão, o amor é de natureza livre e universal, enquanto que a fé é de natureza estreita e limitada. Foi a fé, e não o amor, que inventou o inferno. Para a fé, o que os cristãos fizeram de bom não foi obra do homem mas dos cristãos e o que se fez de mau foi da responsabilidade do homem e não do cristão. Como se tem provado ao longo dos séculos, a fé passa muitas vezes a ódio e a perseguições, opondo-se ao poder do amor, da Humanidade, da justiça. Pelo contrário, o amor não conhece outra lei senão ele próprio. É divino por si mesmo. O próprio homem é objecto do amor pelo facto de ser fim em si mesmo, um ser capaz de razão e de amor. "Quem ama o homem pelo homem, quem se eleva ao amor do género, ao amor universal (...), esse é Jesus, o próprio Jesus", conclui Feuerbach.
quinta-feira, 4 de maio de 2017
UTÓPICO?
Dizem que eu sou utópico. Mas eu já fui a tribunal e à Judiciária por motivos políticos. Foi por causa da queda da estátua do major Mota na Póvoa de Varzim e por causa do blogue "Povoaonline" que acusava o antigo presidente da Câmara da Póvoa, Macedo Vieira, de corrupção. Por isso não sou assim tão utópico. Também sou um homem de acção. E poderia contar outras histórias. Claro que me orgulho de ser um homem de ideias e de ideais.
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