quarta-feira, 29 de maio de 2013

DO PODER

O homem está aqui para se dar à luz, para desenvolver as suas potencialidades, para se tornar naquele que é, como afirmam Erich Fromm e Nietzsche. O homem está aqui para a liberdade, isto é, para preservar a sua integridade pessoal em face do poder. No entanto, o poder tenta dominar-nos, domar-nos através do mercado, do sucesso, da opinião da maioria, do senso comum, da máquina. E, se bem que nos possa transmitir uma certa sensação de segurança, provoca-nos distúrbios emocionais e mentais que nos podem incapacitar. O capitalismo é inimigo do homem.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

LIBERDADE ABSOLUTA

Comecei a publicar cedo. Aos 18/19 anos já publicava no "Correio do Minho", no "DN Jovem". Habituei-me cedo aos media. Por isso os procuro. No fundo, comecei a trabalhar cedo. Mas, a partir de certa altura, pus tudo em causa. O trabalho, a economia, o negócio. Tudo isso é adiar o paraíso, é negar a vida. Quero o paraíso agora! Renego o sacrifício, a vidinha, o sucesso. Renego tudo o que me diminui, me deprime, me castra. Tenho em mim a liberdade absoluta. Quero dar amor para derrotar o inimigo.

terça-feira, 21 de maio de 2013

O ESTAR VIVO

Passou a euforia, a desmesura. Venho à "Confeitaria da Casa" como o poeta que escreve à mesa. Talvez me torne famoso, talvez não. O que é facto é que vou fazendo o meu caminho, com os meus picos, com os meus êxtases. Tenho 45 anos. Já vi muita coisa. Já tive as minhas descidas aos infernos, os meus filmes. Já estive nos palcos de Paredes de Coura, do Campo Alegre, do Púcaros, do Pátio, do Olimpo, do Deslize, do Pinguim. Já tive a ovação, o aplauso mas também o insulto, a indiferença, a negação. Já fui à rádio, aos jornais, à televisão. Já fui ameaçado e apanhei porrada. Agora estou aqui na aldeia do meu pai. Olho as mulheres bonitas. Para onde haveria de olhar? Não sou bem como os outros. Procuro algo que só alguns procuram. Procuro a Ideia, o Graal, a verdadeira essência de estar vivo, como diz a Sandra. Estar vivo é certamente demandar, gozar, celebrar. Estar vivo é certamente ultrapassar-se, ultrapassar os homens pequenos, o negócio, a mercearia. Estar vivo é alcançar as alturas, a poesia, a águia e a serpente. Estar vivo é viver a verdadeira vida de Rimbaud. Estar vivo é ter alma, pensamento, ultrapassar o corpo. Estar vivo é regressar à infância, aos dias grandes, aos dias sem preço. Estar vivo é não pagar.

sábado, 18 de maio de 2013

JORNAL FRATERNIZAR

Edição 88, Sexta-feira 10 Maio 2013 DO CAPITALISMO O capitalismo é inimigo de tudo o que é humano- o sentimento, a sensibilidade, o amor, a amizade, a poesia. Reduz tudo á mercadoria, à mecanização, ao cálculo. O homem vende-se a si mesmo e á sua força de trabalho no mercado. Tudo é medido pelo dinheiro e pela sua acumulação. Uns nadam na riqueza e no poder, outros morrem de fome. O capitalismo é absolutamente desumano. Como diz Charles Dickens em "Tempos Difíceis": as pessoas são parecidas umas com as outras, "saindo e voltando a casa todas às mesmas horas, andando com o mesmo passo pelo mesmo passeio, fazendo o mesmo trabalho, e para as quais cada dia era parecido com o da véspera e com o seguinte, como cada ano condizia com o anterior e com o que se lhe seguia". Em suma, uma vida sem brilho, sem luz, entediante. Só os artistas e os filósofos podem contrariar esta tendência através do espírito crítico, da transgressão, da criatividade. Só através da busca interior, do culto do amor e da amizade, das mesas partilhadas é possível contrariar o poderio do dinheiro e do capitalismo. E também através da curiosidade, da descoberta. Só assim poderemos atingir o homem pleno, integral, o inimigo do capitalismo. SABEDORIA, ÉTICA E AMOR UNIVERSAL "Os profetas e os sábios, com poucas excepções, têm qualidades de valor diferentes das do poder- sabedoria, ética ou amor universal- e persuadiram grandes sectores da humanidade de que são objectivos mais merecedores de serem prosseguidos do que o sucesso pessoal. Aqueles que sofrem através de alguma parte do sistema social que o profeta ou o sábio deseja alterar têm razões pessoais para apoiarem as suas opiniões e a união do seu egoísmo com a sua ética impessoal que torna o movimento revolucionário vitorioso, irresistível." (Bertrand Russell) Sabedoria, ética, amor universal. Eis o caminho. Temos de convencer os homens a não pensarem só no sucesso pessoal. Temos de ter uma educação voltada para o bem, para a virtude, para o belo. Temos de acreditar nos sábios e nos profetas. Aqueles que perseguem a felicidade da humanidade. O mundo dos executivos, dos politiqueiros, do cálculo, do safanço é intragável. Regressemos à pólis. Discutamos na rua. Estudemos, enriqueçamo-nos. Afastemo-nos da barbárie, da selvajaria, da competição selvagem. Questionemos o domínio dos media, da tecnocracia, da economia. Dêmos amor e bondade aos nossos semelhantes. Acreditemos nos poetas e nos filósofos. Façamos da vida um banquete permanente. Dancemos. Cantemos. Matemos em nós o capitalismo. www.jornalfraternizar.pt.vu

terça-feira, 14 de maio de 2013

CIDADÃOS DA TERRA

Devemos educar as nossas crianças no amor, na busca do saber, na descoberta. Devemos formar cidadãos íntegros, virtuosos, que se preocupem com as grandes questões da humanidade, com o sentido da vida, que não se fechem no egoísmo. Devemos fazer da vida um experimento permanente, uma aventura. Devemos ser todos cidadãos da Terra, das mesas partilhadas. Devemos cumprir o que viemos fazer à vida. Que viemos cá fazer? Amar, dar, descobrir, conhecer. Por isso leio, por isso escrevo. Tenho 45 anos. Não vim fazer negócios, não vim atrás do dinheiro. Vim para muito mais. Vim abrir portas. Vim construir mundos, ideias. Vim também para o mito, para o Graal, para a magia. Por isso não aceito entregar-me ao útil, ao quantificável, ao cronometrado. Por isso sou luz, sol, embriaguez. Não me dou com controlos, castrações, mecanizações. Procuro o enigma da vida. Estou na demanda. Percorro com Sócrates as ruas de Atenas. A mente explode, abre-se. Posso saber mais, posso saber sempre mais. A caneta desliza no papel. Sou um poeta. Desejo a mulher. Canto-a. Endeuso-a. Nasci hoje há 45 anos. Vim para reinar, para me dar. Há dias, noites em que me solto, em que não tenho limites. Que sentido faz toda a barbárie? Amemo-nos. Sejamos cidadãos da Terra.

terça-feira, 7 de maio de 2013

A EMPRESA E O MERCADO

"Nas relações administrativas amiúde os superiores experimentam um prazer intenso em afirmar o seu poder sobre os subordinados. Nas relações com os colegas há competição pela hierarquia e pela posição. Todo o sistema profissional está construído como ascensão na escala do poder e do prestígio." (Francesco Alberoni, "A Amizade") Mundo terrível este. Dominado pela lógica da empresa e do mercado. Procura-se a vantagem, o lucro, o interesse. Os homens são usados como meios e não como fins. A eficiência é a lei. A vida de trabalho é quase sempre cansativa, dura, frustrante. Predominam o cálculo e a economia. Segundo certas teorias, o indivíduo possui a mesma natureza de um empresa ou de um mercado. O objectivo é maximizar os lucros. No entanto, a lógica da empresa e do mercado não atende aos nossos desejos mais secretos e às nossas aspirações mais profundas. Nós nem sempre sabemos quais são os nossos objectivos e andamos à procura. Daí o papel do encontro, do amor, da amizade. A linguagem do amor não é a do custo nem a do lucro. É a da partilha, da comunhão, da celebração. O amor é a solução, o amor é o contrário do capitalismo. Tal como a liberdade.

sábado, 4 de maio de 2013

O MUNDO É NOSSO

O mundo é nosso, o mundo é gratuito. Não temos de pagar nada por ele. Por isso, segundo Nietzsche, só a arte é capaz de o apreender. Daí que façamos arte, daí que interpretemos o mundo. Daí que sejamos crianças, "inocência e esquecimento, um jogo, uma roda que rola sobre si mesma, um primeiro movimento, o dom sagrado de dizer sim". Sim, solitários, dizemos sim à terra e ao mundo. É na imensa solidão que criamos, que estamos à mesa, que proclamamos a gratuitidade do mundo. O dinheiro e o capitalismo têm que desaparecer da face da terra para que o homem seja homem. O dinheiro e o capitalismo matam o homem. Permaneçamos fiéis à terra, que nos ama. Brindemos, pois, à vida

quinta-feira, 2 de maio de 2013

SABEDORIA, ÉTICA, AMOR UNIVERSAL

"Os profetas e os sábios, com poucas excepções, têm qualidades de valor diferentes das do poder- sabedoria, ética ou amor universal- e persuadiram grandes sectores da humanidade de que são objectivos mais merecedores de serem prosseguidos do que o sucesso pessoal. Aqueles que sofrem através de alguma parte do sistema social que o profeta ou o sábio deseja alterar têm razões pessoais para apoiarem as suas opiniões e a união do seu egoísmo com a sua ética impessoal que torna o movimento revolucionário vitorioso, irresistível." (Bertrand Russell) Sabedoria, ética, amor universal. Eis o caminho. Temos de convencer os homens a não pensarem só no sucesso pessoal. Temos de ter uma educação voltada para o bem, para a virtude, para o belo. Temos de acreditar nos sábios e nos profetas. Aqueles que perseguem a felicidade da humanidade. O mundo dos executivos, dos politiqueiros, do cálculo, do safanço é intragável. Regressemos à pólis. Discutamos na rua. Estudemos, enriqueçamo-nos. Afastemo-nos da barbárie, da selvajaria, da competição selvagem. Questionemos o domínio dos media, da tecnocracia, da economia. Dêmos amor e bondade aos nossos semelhantes. Acreditemos nos poetas e nos filósofos. Façamos da vida um banquete permanente. Dancemos. Cantemos. Matemos em nós o capitalismo.