segunda-feira, 29 de março de 2010

JIM MORRISON NAS GALERIAS LUMIÉRE



Música: Jim Morrison relembrado no Porto em evento de música e poesia

O vocalista dos Doors, Jim Morrison, vai ser relembrado em 03 de abril nas Galerias Lumière, no Porto, num evento que incluirá um concerto de Darryl Read e a declamação de poesia. Rui Pedro Silva, autor do livro "Comigo Torno-me Real - The Doors", referiu hoje que A. Pedro Ribeiro e Suzana Guimarães vão declamar poemas de Jim Morrison, William Blake e Nietzsche. No final do evento, Darryl Read, que tem álbuns editados com Ray Manzarek, teclista dos Doors, vai executar versões de temas deste grupo, a que seguirá um concerto na Rua Galerias de Paris.

O HOMEM LIVRE


Às vezes perguntam-me o que vou fazer no dia seguinte. O dia seguinte é, muitas vezes, o dia livre, sem compromissos, sem encontros marcados. Acordo, almoço, vou até ao café ler e escrever. A maior parte das vezes não se passa nada de extraordinário, passa uma gaja boa, uma cara bonita, como quiserem, as beatas falam da vida alheia. Algumas vezes é mesmo entediante. Mas é meu. O tempo é meu e só meu. A vida é minha e só minha. Ninguém ma tira. Não há aqui patrões nem horários. Não há ninguém em cima de mim a dizer-me o que devo fazer. Não há nada acima de mim. Sou livre. Posso ter só uns trocos no bolso. Mas sou livre. Absolutamente livre. Vós não sois. Sou livre. Sou meu deus e meu senhor. Sou livre.

sexta-feira, 26 de março de 2010

BRECHT

Também não me preocupei

Primeiro levaram os negros,
Mas não me importei com isso,
Eu não era negro.

Em seguida levaram alguns operários,
Mas não me importei com isso,
Eu também não era operário.

Depois prenderam os miseráveis,
Mas não me importei com isso,
Porque eu não sou miserável.

Depois agarraram uns desempregados,
Mas como tenho meu emprego,
Também não me preocupei.

Agora estão me levando,
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.

Bertold Brecht

quinta-feira, 25 de março de 2010

O FILHO DE DEUS

SECÇÃO: Opinião

A. Pedro Ribeiro


O FILHO DE DEUS

Sou o filho de Deus. Passo a noite em claro. Deambulo pela casa. Sou o filho de Deus. Dizem que ainda não cheguei onde quero chegar. Só a espaços. Sou o filho de Deus. Dizem até, agora, que tenho utilidade pública. Sou o filho de Deus. Mas às vezes até sou o anticristo.

Ainda não cheguei onde quero chegar na palavra escrita. Tenho variações. Há dias, como hoje, em que vou da merda ao ouro em dois tempos, em que sou capaz do melhor e do pior.


Sempre fui assim. É madrugada. Os pássaros cantam lá fora. Estou a subir. Já desci hoje. Tenho 41 anos. O que fiz até hoje? Dei-me ao mundo e fugi do mundo. Tive medo. Já senti medo do homem e até da mulher.

As mulheres protegem-me mais, são mais doces, quando o são. Sim, tive medo. Fui um cobarde. Mas também houve alturas em que me fiz ao mundo de peito feito. Em que enfrentei a fera. Em que disse o que tinha a dizer. Sou o filho de Deus. I am the son of God.


Não tenho de ser humilde. Não tenho de me rebaixar perante coisa nenhuma. Ainda assim apetece-me refugiar-me entre as mulheres. Dizem que algumas têm medo de mim. Estranham a minha calma excessiva. Dizem que sou estranho. Que não sou como os outros. E, de facto, eu não tenho a palavra fácil. Falo pouco. Só em certas ocasiões sou um bom conversador. Quando algo ou alguém me entusiasma. Como agora.


Sou o filho de Deus. Escrevo às sete da madrugada. Nem sequer sei se Deus existe nem quero saber. Quero escrever o que nunca foi escrito. Quero escrever como Homero, Shakespeare ou Nietzsche. Não quero ser um poeta de prémios ou de conferências. Farto-me do poeta de café.

Sou o filho de Deus. Descasco uma laranja sobre o papel. O sumo derrama-se como sangue. Sou aquele que procurais. Sou o filho de Deus. Sou aquele por quem esperais.

www.vozdapovoa.com

segunda-feira, 22 de março de 2010

O NOVO COMEÇO

Posso começar agora. É entre os livros que me sinto bem. Três trouxe-os da biblioteca: "Big Sur e as Laranjas de Jerónimo Bosch" de Henry Miller, "Os Vagabundos do Dharma" de Jack Kerouac, "Antologia" de Pablo Neruda. Dois comprei-os por 1,5 euro numa daquelas lojas que vende um pouco de tudo: "A Revolução Francesa" de Paul Nicolle e "Lolita" de Vladimir Nabokov. De facto, posso começar de novo. Este é, pode ser, o primeiro dia. Aqui na póvoa, no "Ultramar". Os livros fascinam-me. Atrás deles corro. Pelos livros deixo de olhar para as mulheres. E sei que posso começar de novo. Escrever de uma forma límpida sem, no entanto, deixar de ter tendências beatnick. Sei que sou capaz de chegar lá. Sei que, aqui e ali, tenho estado a escrever "o livro". O "Dia Triunfal" que "A Voz da Póvoa", graças ao artur Queiroz, publicou já é um claro esboço. E depois há o livro sobre o Super-Homem nietzscheano que o César me propôs. É para criar, para produzir que estou aqui vivo. Nada mais. Ontem vi a fantasia de Mélies na televisão. Vibrei com Mélies e a sua capacidade imaginativa. Que estamos a fazer aqui se não criamos, se não lemos, se não trabalhamos na construção da arte? Que utilidade tem a vida se for apenas comer, beber e trocar dinheiro por mercadorias? Qual o interesse em andar apenas atrás da próxima refeição ou do próximo salário? Que é o Homem se não se entrega à leitura e à criação? Que é o Homem sem o trabalho criativo?

domingo, 21 de março de 2010

GRAÇA


A menina é bonita
dá gosto vir assim ao café
com meninas bonitas
loira alta de laço simpática
nem apetece sair daqui
deveria haver meninas bonitas
em todo o lado
a vida assim é mais linda
e o poeta trabalha com alegria
e o poeta compõe o poema
com outra graça
e o poema é de graça
como a menina.

A VOZ

Não tenho chefes. Na verdade tenho um só chefe mas esse não está cá. A esse sigo, a esse venero, a esse procuro, a esse entoo cãnticos. Na verdade não é um verdadeiro chefe. Não me dá ordens, nada me impõe, a nada me obriga. Ouço-o neste momento e a sua voz é a voz da Liberdade e do Amor. Ouço-o em algumas canções na rádio, ouço-o no canto dos pássaros, ouço-o na graça das mulheres. Agora já nada tenho a temer. Todo eu sou vontade. Todo eu sou alegria. Iluminações. Vozes. Agora encontri-me. Agora todo eu sou bondade.

DESPOJAMENTO, CONHECIMENTO, CRIAÇÃO


Ao Artur Queiroz
Ao António Manuel Ribeiro
Ao Padre Mário de Oliveira

Tenho de ser despojamento, tenho de ser criação. Procuro o conhecimento do homem e da mulher. Dou-me a quem me ama. Sigo uma espécie de religião. Mas não é bem uma religião. É uma forma de vida. Talvez seja, em parte, o Jesus do padre Mário. A vida dos negócios, do lucro não me interessa. Limito-me a vir ao café, a relacionar-me superficialmente com as empregadas, a observar os patrões. Não, não sou do negócio. Nem do stress, nem da pressa, nem da pressão, nem da competição. Sou do Homem. Do homem que ri, dança e cria. Posso estar em baixo, posso estar no inferno mas é desse homem que venho. Daí a suposta serenidade excessiva, intrigante.
É a liberdade que me interessa. É pela liberdade que me bato. Se me retirarem um bocadinho que seja da minha liberdade eu já não sou o mesmo. E depois há o amor. O amor que sinto quando passas. O amor que nos eleva. O amor que nos desarma. Que nos aproxima da loucura. Sim, porque já sofremos a humilhação pública. Não, não somos do negócio. Do está sempre tudo bem. Não somos da feira nem do mercado. Por vezes descemos à praça pública mas sabemos o que a praça pública diz de nós. Às vezes até nos ama, bate-nos palmas, endeusa-nos mas outras vezes destrói-nos, diminui-nos. Também é verdade que já pouco ou nada temos a perder. Também é verdade que tudo temos a ganhar. E não devemos nada a ninguém. Podemos desejar tudo. Podemos desejar a loira que come croissants ao balcão. Podemos ser tudo o que quisermos. Numa folha de papel está o que somos. Numa folha de papel derramamos a vida. Sem àlcool. Só com a loira à nossa frente. No deserto do café. Há mais de duas horas que estamos a escrever. Escrevemos lentamente, ao ritmo do cérebro e do coração. Coração que, ainda ontem, ainda hoje batia forte, desesperado. Parecia que nos queria deixar. Mas estamos aqui. Continuamos aqui. Os homens riem e bebem àgua das pedras. Temos de ser despojamento, conhecimento, criação. Somos do Homem. Escrever o que escrevemos é o nosso trabalho na terra. Nada mais. Há dias em que vamos dizê-lo à praça pública. Há dias, noites, em que nos transformamos. Nada mais. Somos do homem e da mulher.

sexta-feira, 19 de março de 2010

FILHO DE DEUS


I am the son of God. Sou o filho de Deus. Passo a noite em claro. Deambulo pela casa. Sou o filho de Deus. Dizem que ainda não cheguei onde quero chegar. Só a espaços. Sou o filho de Deus. Dizem até, agora, que tenho utilidade pública. Sou o filho de Deus. Mas às vezes até sou o anticristo. Ainda não cheguei onde quero chegar na palavra escrita. Tenho variações. Há dias, como hoje, em que vou da merda ao ouro em dois tempos, em que sou capaz do melhor e do pior. Sempre fui assim. É madrugada. Os pássaros cantam lá fora. Estou a subir. Já desci hoje. Tenho 41 anos. O que fiz até hoje? Dei-me ao mundo e fugi do mundo. Tive medo. Já senti medo do homem e até da mulher. As mulheres protegem-te mais, são mais doces, quando o são. Sim, tive medo. Fui um cobarde. Mas também houve alturas em que me fiz ao mundo de peito feito. Em que enfrentei a fera. Em que disse o que tinha a dizer. Sou o filho de Deus. I am the son of God. Não tenho de ser humilde. Não tenho de me rebaixar perante coisa nenhuma. Ainda assim apetece-me refugiar-me entre as mulheres. Dizem que algumas têm medo de mim. Estranham a minha calma excessiva. Dizem que sou estranho. Que não sou como os outros. E, de facto, eu não tenho a palavra fácil. Falo pouco. Só em certas ocasiões sou um bom conversador. Quando algo ou alguém me entusiasma. Como agora.
Sou o filho de Deus. Escrevo às sete da madrugada. Nem sequer sei se Deus existe nem quero saber. Quero escrever o que nunca foi escrito. Quero escrever como Homero, Shakespeare ou Nietzsche. Não quero ser um poeta de prémios ou de conferências. Farto-me do poeta de café.
Sou o filho de Deus. Descasco uma laranja sobre o papel. O sumo derrama-se como sangue. Sou aquele que procurais. Sou o filho de Deus. Sou aquele por quem esperais.

quarta-feira, 17 de março de 2010

GRAÇA


A menina é bonita
dá gosto vir assim ao café
com meninas bonitas

loira alta de laço brasileira
nem sequer apetece sair daqui
deveria haver meninas bonitas
em todo o lado
a vida assim é mais linda
e o poeta trabalha com alegria
o poeta compõe o poema
com toda a graça
e o poema é de graça
tal como a menina.
Vá lá que um gajo ainda pode micar o cu das gajas para se entreter. Senão era a pasmaceira total.

Lá se foi a Carina. Venho à Padeirinha por causa da Carina e já não há Carina. Pelo menos por hoje. Há uma brasileira boazona mas não há Carina. A TV passa imbecilidades. O patrão matulão refugia-se na arrecadação. O Tavares chega e saúda-me. É a padeirinha sem a Carina.

O MEDO DO PAPÃO

Ich bin ein frei Mann. A professora de alemão é porreira mas eu não estou a apanhar a pedalada. Há mulheres que fogem de mim porque me acham estranho, demasiado calmo. Há pessoas que se sentam e conversam ao domingo e outras que andam cheias de pressa, sempre com medo do relógio e do patrão que vem de chicote. Que merda de vida é esta? Sempre cheios de medo. Tendes instantes em que vos ris, em que até gozais mas depois volta o medo. Tendes de voltar a casa com medo da noite. TEndes de arrumar as coisas com medo do papão. Entrais em pânico por causa da revolução. Eu também tenho as minhas paranóias, os meus medos, mas vocês são demais. Viveis no medo, no tédio e na morte. Precisais de alguém que vos controle. Precisais sempre do patrão e do papão. Não, não quero ser como vós. Os meus medos não são esses. Passais a vida a trabalhar para o patrão ou para o papão.

TRAFULHAS

"As pessoas precisam de entender que estão a ser burladas. O País não pode continuar a ser dirigido por trafulhas..."
(Dr. Medina Carreira)

PRIVATIZAÇÕES

BE acusa Governo de "leiloar o país" com programa de privatizações e de estar a "fazer um frete" à direita
Lisboa 17 mar (Lusa) - O BE deixou hoje duras críticas ao programa de privatizações anunciado pelo Governo no âmbito do Programa de Estabilidade e Cre...

Lisboa 17 mar (Lusa) - O BE deixou hoje duras críticas ao programa de privatizações anunciado pelo Governo no âmbito do Programa de Estabilidade e Crescimento, considerando que se trata de "leiloar o país" e "um frete" que o executivo está a fazer à direita.

"As contas são claras. O Estado perde muito mais do que ganha. O que o Governo prevê poupar por ano, com a lista interminável de privatizações, é igual aos dividendos que, também por ano, ganha só com os CTT e a EDP", afirmou o deputado do BE Pedro Filipe Soares, numa declaração política no plenário da Assembleia da República.

Considerando que todos os anos se irá perder dinheiro com as privatizações, o deputado do BE acusou os socialistas de fazer "um feroz ataque" ao bem público.

"A opção privatizadora não serve para garantir a estabilidade das contas públicas, é um ataque às posições estratégicas que o Estado detém, degradando as contas públicas", criticou, acusando o Governo de "levar a cabo o maior frete à direita que alguma vez foi feito no nosso país" com esta política de privatizações.

"O Programa de Estabilidade e Crescimento é o casamento entre o PS e a direita sem convenção antenupcial", sublinhou.

Insistindo que privatizar empresas que entregam dividendos ao Estado e que asseguram serviços fundamentais "é um disparate económico e uma ofensa contra a democracia", Pedro Filipe Soares assinalou ainda que nenhum programa de privatizações estava nos compromissos eleitorais do PS, nem no programa do Governo.

"O PS tinha um programa oculto de privatizações que não queria revelar aos portugueses", sublinhou.

Juntando-se às críticas do BE, o deputado do PCP Bruno Dias salientou ainda a necessidade de colocar a questão das privatizações no centro do debate político, considerando que "caiu a máscara ao PS" com programa agora anunciado.

"O PS leva a cabo aquilo que o PSD e o CDS gostariam de fazer", acusou.

VAM.

*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***

Lusa/fim

POESIA DE CHOQUE


António Pedro Ribeiro e Luís Carvalho apresentam mais uma sessão de POESIA DE CHOQUE no Clube Literário do Porto na próxima quinta, 18, pelas 22,00 h. A poesia a abrir e a arder.

domingo, 14 de março de 2010

PRIVATIZE-SE O AR!

"Um Governo que privatiza os correios não é socialista". Não é nem nunca foi e esse é só mais um motivo.


A rapina do serviço público de correspondência e transporte de volumes começou há bastantes anos com a chegada da multinacional DHL e, depois outras se seguiram.
Entretanto veio a saga do Banco Postal, com intervenientes vários e que continua sem desenlace; mas decerto que os CTT já arcaram com custos avultados em estudos para o efeito

Anos atrás (governo PSD/CDS) na gloriosa gestão de um tal Carlos Horta e Costa a privatização esteve na ordem do dia. A ideia era vender os postos dos correios aos empregados, podendo estes de seguida rendabilizar o negócio acrescentando ao negócio postal outros mercados, fosse a venda de hortaliça ou serviços de lavandaria. O importante seria desenvolver o espirito empresarial dos compradores.

O mesmo Horta e Costa e outros capangas estão envolvidos num processo judicial que dura há anos por causa da venda por x de um prédio dos CTT em Coimbra a uma empresa imobiliária que logo a revendeu por nx. Estão a perceber? Entaõ percebem também porque ninguém foi preso nem o processo acaba


A propósito, em 2008, o governo socratóide permitiu a entrada de uma empresa - Takargo - no transporte ferroviário de mercadorias, depois da entrada da Fertagus em 1999 no de passageiros.
Entretanto a dívida da CP aumenta e o seu prejuizo acumulado anda perto dos 4000 M euros.
Ah, um pequeno pormenor, a tal Takargo pertence à... Mota-Engil!!!

O mundo é pequeno, não é?

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Um Governo que privatiza os correios não é socialista



Abrir ao capital privado novos mercados praticamente protegidos da concorrência foi uma das linhas de orientação do Novo Trabalhismo de Blair e Brown. A degradação do serviço de caminhos de ferro que se seguiu é hoje um facto incontroverso.

O último episódio da saga privatizadora do Novo Trabalhismo é o serviço dos correios (Royal Mail). A privatização tem sido adiada porque, depois de muitas tropelias na liberalização de alguns serviços postais que dão lucro, encontrou uma forte oposição da opinião pública. Avaliando a fase de 'abertura do mercado', o relatório Hooper afirmava "não ter havido benefícios significativos da liberalização para as pequenas e médias empresas e para as famílias. Estes acreditam que o serviço da Royal Mail oferece uma boa relação qualidade-preço tal como está."

Contudo, a percepção do público é muito mais desfavorável que a linguagem cautelosa do relatório oficial. Em artigo no Guardian, Seumas Milne escrevia: "Longe de "funcionar" ou prestar o serviço, a abertura de alguns segmentos às empresas privadas está a destruir uma rede pública que está no coração dos negócios e da vida social da Grã-Bretanha."

Este último aspecto é central para compreendermos por que razão os socialistas nunca privatizariam os correios. Recordo aqui um livro de Jean Gadrey (Nova Economia Novo Mito, Instituto Piaget) onde se lê o seguinte sobre o serviço prestado pelos correios (p. 149):

"Em geral, esta organização é um serviço de proximidade que, em particular no quadro das suas estações e dos seus balcões, recebe "o público", todos os públicos. A qualidade deste acolhimento é diversa e por vezes problemática em termos de expectativas, mas algo de importante se desenrola ali, que de novo tem a ver com os laços sociais: os agentes no balcão consagram uma parte considerável do seu tempo a ajudar pessoas com dificuldades ou "deficiências diversas" (analfabetismo ou dificuldades de compreensão dos procedimentos, pobreza, isolamento...), ligadas a formas de exclusão identificáveis. (...) A organização tolera por enquanto estes comportamentos não rentáveis ... também porque o monopólio que ela detém sobre uma parte das suas actividades ainda lhe permite libertar os recursos necessários. Mas já surgem pressões para os reduzir. (...) Assim, esta empresa [pública] contribui para produzir integração social, que consideramos um bem colectivo a dois níveis, territorial por um lado, social por outro, a fim de manter a ligação da população às redes constitutivas da pertença a uma sociedade desenvolvida que são o correio, o vale do correio, a conta postal ou a caderneta A [serviços financeiros básicos em França]."

Se a coesão social está no âmago do pensamento socialista, então só posso esperar que os socialistas deste País não deixem passar à prática a anunciada intenção do Governo de privatizar os correios de Portugal. Há certamente outras fontes de receita. Apenas é preciso ver com atenção o que se passa com os rendimentos do capital e com os negócios da urbanização de terrenos.
Os socialistas têm de levantar-se e dizer "BASTA, os Correios de Portugal são nossos"!

FILHOS DA PUTA

França
Relatório acusa ex-dirigentes da France Telecom de nada fazerem perante vaga de suicídios
Um relatório da inspecção do trabalho que investiga a onda de suicídios de trabalhadores da France Telecom acusa antigos dirigentes de topo de nada fazerem perante as consequências do seu plano de reorganização da empresa

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O documento indica que os últimos suicídios na France Telecom «não são casos particulares» e estão relacionados com a política de reorganização e gestão posta em marcha a partir de 2006.

O diário francês Le Parisien publica hoje excertos do relatório, enviado para a Procuradoria de Paris, no qual a inspectora Sylvia Catala fala de «assédio moral» no seio do operador francês de telecomunicações.

Segundo a responsável, os mais altos cargos da empresa foram alertados «em diversas ocasiões» por médicos, sindicalistas e inspectores laborais sobre «os efeitos sobre a saúde dos trabalhadores» que estava a ter a política de reorganização da empresa.

Apesar disso, acrescenta o relatório, foram apenas aplicadas medidas para remediar o «sofrimento» do quadro de pessoal.

As acusações dirigem-se, em concreto, contra três directores, entre eles, o antigo presidente Didier Lombard, recentemente substituído no cargo por Sthéphane Richard.

A inspectora argumenta que os cerca de quarenta suicídios ocorridos nos últimos anos são consequência do 'Plan Next', posto em marcha em 2006 para melhorar o rendimento, eficácia e produtividade da empresa.

Esse plano previa a supressão de 22 mil postos em três anos e a transferência forçada de 11 mil trabalhadores.

Lusa / SOL

sexta-feira, 12 de março de 2010

VIVE L' ANARCHIE!


Carla Bento e A. Pedro Ribeiro apresentam a performance "Vive l'Anarchie-Terrorismo Poético" no Riba Kafee em Ribeirão (Trofa) nesta sexta, 12, pelas 22,00 h. A liberdade vai andar uma vez mais à solta.

ANTÓNIO PEDRO RIBEIRO NO "REGIONAL" DE SÃO JOÃO DA MADEIRA


SECÇÃO: Política

Candidatura apresentada em S. João da Madeira
António Pedro Ribeiro na corrida à Presidência da República


O poeta António Pedro Ribeiro esteve em S. João da Madeira a apresentar o seu manifesto poético e político, bem como a sua candidatura anarquista à Presidência da República. Combater comportamentos quase fascistas e uma maior atenção aos pobres e desempregados são as suas principais prioridades da sua candidatura à cadeira de Belém.
António Pedro Ribeiro, poeta, anarquista, “diseur” e “performer”, veio, quinta- -feira, dia 4, a S. João da Madeira apresentar o seu manifesto poético e político, bem como a sua candidatura anarquista à Presidência da República. Durante a apresentação, que decorreu no Art7-Bar, nas Galerias Avenida, o candidato afirmou que cada vez mais os partidos são as pessoas e não as cores e ideais políticos. Em declarações à nossa reportagem, o candidato diz que vê um primeiro-ministro “suspeito de controlar a comunicação social, tem comportamento quase fascista e arrogante”. Por outro lado, “temos um Presidente da República conivente”. É isso “que vou tentar combater, pois nenhum partido olha os desempregados e para os pobres”.
António Pedro Ribeiro nasceu no Porto em 1968. É autor de vários livros, foi activista estudantil na Faculdade de Letras do Porto e no Jornal Universitário do Porto. Fez performances poéticas no Festival de Paredes de Coura. Diz regularmente poesia em bares.
O candidato referiu que a sua corrida à presidência não pactua com “negociações e sindicatos em busca de influências, estatutos e poderes”. A candidatura de António Pedro Ribeiro é essencialmente de um homem livre que está contra a economia de mercado e a social-democracia de mercado que “nos infernizam a vida”.

“Nenhum partido olha os desempregados e para os pobres”

Segundo António Pedro Ribeiro, a sua candidatura tem uma vertente de “ruptura contra todas as formas de capitalismo, estejam elas na bolsa, nos bancos ou no grande capital”.
«Poema de Amor Inocente, em Jeito de Manifesto Autárquico para a Cidade do Porto», «Futebol-Dada», «Se me Pagares uma Cerveja estás a Financiar a Revolução», «Carta à Minha Mãe», «O Dia Triunfal», «Homem Livre» e a já célebre «Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro» foram alguns dos poemas e manifestos ditos pelo poeta. António Pedro Ribeiro não separa os referidos poemas e manifestos da sua candidatura. “Vivemos dominados pela economia e pela linguagem económica: uma linguagem pobre, castradora, entediante, feita de percentagens, PIB’s, contas, bancos”, disse. “Está tudo no mercado, tudo na bolsa, tudo se compra, tudo se vende”, acrescentou. Para o poeta, que vê cada vez mais gente deprimida, triste, descrente, “uma sociedade, como a do mercado, que faz as pessoas infelizes, não presta”. Mas, para a combater o discurso económico dos partidos de esquerda já não é eficaz. Daí falar-se no “Homem livre”, na construção do Homem, na recuperação da vida.

“Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro”

“Temos um primeiro-ministro fascista. Temos um Presidente da República conivente, ao serviço do grande mercado e da linguagem mercantil da morte. Que alma têm estes homens? É preciso falar na vida”, disse o poeta que, seguidamente, declamou o poema/canção «When The Music’s Over», de Jim Morrison.
Interrogado sobre as primeiras medidas que tomaria, caso fosse eleito presidente, António Pedro Ribeiro respondeu que encerraria a Bolsa e que tentaria tirar os sem-abrigo da rua, dando-lhes comida, bebida e abrigo. “Se há dinheiro para os TGV’s também tem de haver para os que nada têm”, justificou.
Questionado se receia que as pessoas não o levem muito a sério, disse que “não sou político. Sou poeta”.No entanto, lembra que, “se não tivesse feito alguns disparates ao longo da vida, a esta altura já teria apodrecido de tédio ou de depressão”. Porém, “custa sempre reagir às provocações quando insultam, principalmente, aqueles que amamos”, rematou.



Por: António Gomes Costa

quinta-feira, 11 de março de 2010

OLH'Ó VARA!

Quanto ganhou Armando Vara, em 2008, por 9 dias de trabalho

No RELATÓRIO SOBRE O GOVERNO DA SOCIEDADE, da Caixa Geral de Depósitos, referente a 2008 (publicado em Abril de 2009), que segue em anexo (pags. 504-542), em PDF, pode observar-se no quadro da página 540 que:





Armando António Martins Vara, vogal do Conselho de Administração, terminou o seu mandato em 09/01/2008. Portanto, conforme se informa: em 2008, por ter trabalhado 9 dias na CGD como vogal da Administração, Armando Vara teve direito a uma remuneração base de 23736,95 € (à média de cerca de 2637,44 € por dia), tendo por conseguinte recebido uma verba superior ao vencimento mensal a que teria direito (18550,00 €) se tivesse trabalhado, em condições normais, todo o mês. Depois, em 16 de Janeiro de 2008, seguiu para a Administração do BCP, acompanhando Santos Ferreira e Vítor Lopes Fernandes, também administradores cessantes da CGD.



Além do vencimento total de Janeiro de 2008, Vara também deve ter recebido algum "prémio de produtividade" e/ou alguma outra "alcavala", ou então houve algum motivo de justa causa.

Refere-se nessa página 540 que terminaram também o mandato em 09/01/2008 os seguintes administradores (indicando-se também os respectivos vencimentos base nesses 9 dias):



Carlos Jorge Ramalho Santos Ferreira (presidente, que recebeu 33648,42€, à média de cerca de 3738,71 € por dia), António Manuel Maldonado Gonelha (vice-presidente, com 28601,14 €), José Joaquim Berberan Santos Ramalho (vogal, com 22691,31 € [este também com os apelidos Santos e Ramalho terá algum parentesco com o Santos Ferreira?]), Vitor Manuel Lopes Fernandes (vogal, com 23553,17 €) e Maria Celeste Ferreira Lopes Cardona (vogal, com 23553,17 €).

Todos estes administradores receberam, assim, em 9 dias, verbas superiores aos vencimentos mensais a que tinham direito, pois na página 521 há a seguinte informação:



"6.1. ESTATUTO REMUNERATÓRIO FIXADO EM 2008



Mesa Assembleia Geral



Presidente - Senha de presença no valor de 897,84 euros;



Vice-Presidente - Senha de presença no valor de 698,32 euros;



Secretário - Senha de presença no valor de 498,80 euros.





Conselho Administração



Administradores Executivos



Presidente - Remuneração de 26.500,00 euros, 14 vezes por ano;



Vice-Presidente - Remuneração de 22.525,00 euros, 14 vezes por ano;



Vogais - Remuneração de 18.550,00 euros, 14 vezes por ano.





Conselho Fiscal



Presidente - Remuneração de 5.300,00 euros, 14 vezes por ano;



Vogais - Remuneração de 3.975,00 euros, 14 vezes por ano."

Somos também informados na mesma página 540 que, ainda em 2008, Armando Vara recebeu, também da CGD, 23742,72 € de férias não gozadas (Que grande trabalhador!! Nem parou para gozar férias!! Mas não teve fins de semana prolongados?), naturalmente referentes ao mês de férias de 2007. Tal, somado com o normal subsídio de férias (14.º mês de vencimento), representa mais do que uma duplicação do ordenado mensal de férias a que ele tinha direito. Por outro lado também recebeu 117841,03 € de Participação nos Lucros/Prémios de Gestão (referentes, naturalmente, a 2007 e pagos em 2008), o que representou cerca de mais de 6 ordenados mensais extra, além dos 14 normais e do subsídio de férias extra. Em suma, podemos concluir que o ano de 2007 foi muito bom para Armando Vara que ganhou globalmente na CGD, nesse ano, o equivalente a cerca de 21,63 ordenados mensais nas funções que lhe estavam atribuídas. Note-se que neste total não se contabilizou o que lhe foi devido e já respeitante expressamente a 2008. Mas ele tinha outras "alcavalas", conforme se pode observar no quadro da página 540 (relativamente à atribuição de um cartão de crédito da empresa, à aposentação, etc.).

Uma outra curiosidade referente a Armando Vara, que vem nessa mesma página 540: em 2008 teve direito a 961,87 € de Gastos de utilização de telefones (com a indicação de: Reporta a custos com comunicações móveis e de dados). Devem ter sido gastos relativos aos tais 9 dias na CGD (ainda que talvez possa ter tido direito a retroactivos de 2007), pois, conforme podemos observar, o vogal da Administração Rodolfo Lavrador, em todo o ano de 2008, teve direito a 12151,93 € de Gastos de utilização de telefones (o que dá para este uma média de 1012, 66 € por mês!!).



Assim se confirma que Armando Vara é um compulsivo utilizador de telemóveis (depois não se queixe de ter altas probabilidades de ser apanhado em escutas!!).

Mas atenção:



Armando Vara duplicou o seu salário quando mudou da CGD para o BCP!!



No BCP Vara passou a vice-presidente do Conselho de Administração Executivo.

Mas também recebeu outro prémio da CGD.

Armando Vara foi promovido na Caixa um mês e meio depois de ter saído para a administração do BCP!!

O ex-administrador da CGD e ex-quadro da instituição, com a categoria de director, foi promovido ao escalão máximo de vencimento, ou seja, o nível 18, o que terá reflexos para efeitos de reforma.

A promoção, do escalão 17 para o 18, foi decidida pelo conselho de administração a 27 de Fevereiro de 2008, já pela administração de Faria de Oliveira, que ascendeu ao cargo após a saída de Carlos Santos Ferreira e dos administradores Armando Vara e Vítor Manuel Lopes Fernandes para a administração do maior banco privado.

Tendo sido admitido na CGD em 17 de Setembro de 1984, de acordo com informação oficial fornecida pela Caixa, "Armando Vara desvinculou-se da CGD no dia 15 de Janeiro de 2008". A acta da reunião da administração de 27 de Fevereiro de 2008 refere que, "na sequência da cessação de funções de administrador da CGD do dr. Armando António Martins Vara, quadro da instituição com a categoria de director, o conselho deliberou a sua promoção ao nível 18 e os seguintes ajustamentos remuneratórios: remuneração de base - 18 E ; II IT de 47 por cento; RC E RER no valor de 2000 euros e 3000 euros, respectivamente". Esta alteração terá um efeito positivo na reforma em montantes que dependem do momento e da forma em que acontecer.

A instituição esclareceu que, "como é prática comum do grupo, todos os administradores quadros da CGD, quando deixam de o ser, atingem o nível 18 em termos de graduação interna". Fonte oficial da instituição acrescentou ainda "que o Conselho de Administração da Caixa Geral de Depósitos cumpriu, desta forma, o estabelecido internamente, agindo retroactivamente, numa das primeiras reuniões do conselho de administração, após alteração da estrutura governativa da instituição, como sempre é feito".

Já agora, vejamos o que, de relevante, se encontra neste Relatório sobre o Governo da Sociedade 2008 quanto a princípios éticos e, portanto, no reflexo que tal projecta no que se refere ao respeito e ao atendimento que deve merecer qualquer cliente.

Nas páginas 510-511 consta:

"2.1.1. CÓDIGO DE CONDUTA

Em Fevereiro de 2008, a CGD aprovou o Código de Conduta da Instituição, que contempla e sistematiza os princípios gerais e as regras de conduta aplicáveis a todos os colaboradores e órgãos sociais, e que devem reger a actividade da empresa.

O Código de Conduta encontra-se publicado no Sistema de Normas Internas, acessível através da Intranet por todos os colaboradores, bem como no site da CGD, estando assim igualmente acessível ao público em geral."

A seguir, observamos ainda na página 511 deste relatório da CGD:

"2. CUMPRIMENTO DE LEGISLAÇÃO E REGULAMENTAÇÃO

Toda a actividade da CGD é norteada pelo cumprimento rigoroso das normas legais, regulamentares, éticas, deontológicas e boas práticas, existindo um sistema de controlo interno para monitorizar esse cumprimento.



Neste contexto, a CGD adopta um comportamento eticamente irrepreensível na aplicação de normas de natureza fiscal, de branqueamento de capitais, de concorrência, de protecção do consumidor, de natureza ambiental e de índole laboral."



Na página 525 podemos ler o seguinte:

"Ética

A CGD actua segundo princípios éticos, que se concretizam no respeito pela legislação, pelas normas internas e códigos de conduta voluntários. Neste contexto, a CGD desenvolve um conjunto de acções internas, de que são exemplo as acções de formação aos vários quadros, sobre a aplicação de normas e legislação de cariz fiscal, de branqueamento de capitais, de concorrência, de protecção do cliente, entre outras. A promoção do bem-estar ambiental e social no desenrolar das actividades do Grupo CGD, incentivando o respeito pelo Ambiente e promovendo a igualdade de oportunidades entre todos os colaboradores, constituem também vectores essenciais nos padrões éticos existentes. Foi neste enquadramento que, em Fevereiro de 2008, o Código de Conduta da CGD foi aprovado, sendo aplicável a todos os colaboradores e a todos os membros dos órgãos sociais. Este documento contempla e sistematiza todos os princípios gerais que devem ser seguidos, de forma a que a Caixa seja, e continue a ser, um banco exemplar."



Neste mesmo relatório, na página 528, pode ler-se o seguinte:

"7.5. NOMEAÇÃO DE UM PROVEDOR DO CLIENTE

Na CGD, para além da existência e disponibilização do livro de reclamações, o direito de reclamação dos clientes e dos cidadãos em geral, bem como a apresentação de sugestões, pode ser exercido em qualquer ponto da Rede Comercial, ou através do serviço Caixadirecta Telefone ou no Espaço Cliente no sítio www.cgd.pt, estando as regras de gestão e tratamento das reclamações claramente definidas em Ordens e Instruções de Serviço internas.

A CGD dá particular ênfase à gestão e tratamento das reclamações, na dupla perspectiva de melhoria de serviço ao cliente e de controlo interno

As reclamações e sugestões são tratadas e acompanhadas, com o máximo rigor e celeridade, por uma estrutura dedicada, o Gabinete de Apoio ao Cliente, criado em 2008 e que funciona na dependência directa do Conselho de Administração. Este Gabinete garante a centralização, a análise, o tratamento e a resposta a todas as reclamações e sugestões, qualquer que seja o canal de contacto e o suporte utilizado pelo Cliente. Para tanto, e quando necessário, recorre a outras áreas internas da Caixa ou a Empresas do Grupo, salvaguardando a segregação de funções e a independência relativamente ao órgão da estrutura que possa constituir o objecto da reclamação.

Neste contexto, a CGD entendeu que não se justificava a nomeação de um Provedor do Cliente."



Quem quiser saber mais alguma curiosidade referente a este relatório da CGD, faça o respectivo download, abra-o e utilize nalgumas páginas uma visibilidade de 150% ou até de 200% (como a 540 em que figura o quadro sobre REMUNERAÇÃO DOS MEMBROS DOS ÓRGÃOS SOCIAIS).



Este relatório passou, inesperadamente, a ter uma importância superior à que os seus autores naturalmente previam, devido ao escandaloso caso "Face Oculta", pois permite algumas sugestivas informações sobre um dos principais protagonistas deste processo (Armando Vara) e, por tabela, sobre outras personalidades.



Como eles sabem tratar da vidinha deles ! ! !

quarta-feira, 10 de março de 2010

NÃO, NÃO EM DEUS


Não, não em Deus
não no deus do sacrifício
e da obediência
não no deus que nos quer
servis e humildes
não no Deus
que nos enviou o dilúvio
e nos expulsou do paraíso
não, não em Deus
mas na Vontade
na vontade de criar
na vontade da mulher
que vem
e se insinua
não, não em Deus
nem no dever
na obrigação
mas na Verdade
que somos
que procuramos
sem cessar
não, não em Deus
mas na Música
que nos eleva
que nos purifica
que nos faz livres

Não, não em Deus
nem na norma
na negação da carne
mas na Vida
na festa
na descoberta
que faz de nós deuses
que faz de nós crianças.


"Motina", 8.2.2010

segunda-feira, 8 de março de 2010

O POETA FALA AOS ANJOS


O POETA FALA AOS ANJOS

Agora compreendo, temos de celebrar a mulher. A mulher livre. Por isso tantas vezes a provocámos. A mulher sagrada. Como Maria Madalena. Que nos dá à luz e nos dá a luz. Que nos dá o amor.


O sagrado feminino tem sido espezinhado ao longo dos tempos pelas Igrejas, pelos poderes. Só assim se explicam tantas guerras, tanta ganância, tanta luta pelo poder. A revolução anarquista e surrealista passa pelas mulheres. Daí o endeusamento da mulher feito pelos surrealistas.


As mulheres têm um poder de que nem sempre têm consciência. O poder de criar vida, o poder de dar o amor. Sim, agora compreendo. Não pode haver contradição entre o amor e a revolução. Amamos as mulheres. Dissemos, escrevemos aquelas palavras, aqueles palavrões, só para as provocar, para as despertar.


É uma bênção olhar para a mulher amada, para a mulher que passa. É uma bênção, sermos abençoados pelo Sol. Mas a mulher tem de ter noção de quão abençoada é. Eis uma das missões do poeta.


O poeta está cá para cantar a mulher, a beleza da mulher. O poeta está cá para derrubar o capitalismo mas ao fazê-lo deve celebrar a mulher. O poeta não pode ter um discurso puramente político, puramente marxista ou anarquista social.


Olha o anjo que entrou. O poeta tem de falar aos anjos. O poeta tem de voltar à adolescência, quando falava de paz, amor e anjos. O poeta tem de ser a criança sábia. O poeta nada tem a ver com o primeiro-ministro nem com os poderes.


O poeta fala outra linguagem. O poeta anda sempre em demanda do Graal. O poeta não vive no mundo dos políticos nem dos empresários, nem dos financeiros, nem dos bolsistas.


O poeta torna-se naquele que é. O poeta é livre. O poeta quer a mulher livre. O poeta quer o homem livre. O poeta é a própria liberdade. O poeta quer a união sagrada.

domingo, 7 de março de 2010

INFÂNCIA

Chegar mais perto de mim mesmo
através da mulher que me dá o pão
que me dá o vinho
atingir Deus
comunicar com Deus
através da mulher
ler o livro do mundo
ir até ao fundo
ser a Liberdade
e a Verdade
morder a vida
rir sem limites
como um doido
ir à procura do Reino
num café quase deserto
brindar, de novo,
à infânccia.

A NASCER OUTRA VEZ

Ontem no art 7 senti-me nas minhas quintas. Vi os jovens a reagir, vi-os a trautear "When the Music's Over", ouvi-os a discutir o mundo. Poderia ter optado por outra ordem, poderia ter escolhido outros textos mas assim esteve bem. Estou contente comigo mesmo. estou na estrada do excesso e da sabedoria, caro Blake. Agora há que continuar. Não há que hesitar. O mundo é meu. O mundo está à minha disposição. Estou a fazer o que deveria fazer. Não tenho de ceder. Não tenho de me rebaixar. Estou a nascer outra vez.

OH, GOD


Oh, God!
Gingas que gingas
entras na confeitaria
Oh, God!
O mundo começa aqui
calças de ganga
cabelo negro
Oh, God!
EStou rendido
aos teus pés
deposito as armas
Oh, God!
Gingas que gingas
abres-me a cabeça
Oh, God!
Esperas o pão
dou graças à vida.

JURAMENTO SEM BÍBLIA- TIAGO MOITA


JURAMENTO SEM BÍBLIA

Sobre as lápides tumulares de Père-Lachaise
Aonde repousam as cinzas dos últimos lobos
Trovadores da decadência da realidade absoluta
Eu juro!
Nunca trair a minha alma!
Nunca trair as minhas palavras!

Eu juro escrever as trovas da revolta
Da revolta semântica dos sublinhados provocadores
Contra a letargia estéril que anestesiou a escrita
Eu juro reabrir as feridas do peito moribundo
Da prostituta da babilónia
E soltar das suas entranhas
A alba das palavras que dão cor à poesia

Eu juro! Todos os poetas estão do meu lado!
Todas as pedras são minhas testemunhas!
Que quando o príncipe dos poetas
Declamar o seu último canto
Morrison, Ginsberg, Pessoa, Kerouak e Blake
Se erguerão dos seus túmulos caiados
Transformar-se-ão em balas perdidas
E matarão os fascistas que detém o poder
Da torre de Babel

Nunca trairei as minhas palavras!
Nunca trairei a poesia!
Diante das lápides tumulares de Père-Lachaise
Aonde repousam as cinzas eternas
Dos narradores do absoluto
Eu Juro!...

TIAGO MOITA Dezembro de 2004

OSHO

SER LOUCO É SER SÃO

O mundo tem conhecido pessoas tão bonitas, tão
loucas! Na verdade todas as grandes pessoas no mundo
foram um pouco loucas – aos olhos da multidão. Suas
loucuras tiveram expressão porque elas não eram miseráveis,
elas não tinham medo da morte, elas não estavam
preocupadas com o trivial. Elas estavam viven...do cada
momento com totalidade e intensidade e, por causa dessa
totalidade suas vidas se tornaram uma linda flor –elas
estavam cheias de fragrância, de amor, de vida e de riso.
Mas isso certamente fere milhões de pessoas que
estão ao seu redor. Elas não podem aceitar a idéia de que
você tenha alcançado alguma coisa que elas perderam; elas
tentarão de todas as maneiras torna-lo infeliz. A condenação
delas nada mais é do que o esforço em torna-lo infeliz, para
destruir sua dança, tirar a sua alegria – de medo que você
possa voltar ao rebanho." (OSHO)

sexta-feira, 5 de março de 2010

RIBEIRO NO ART 7


O poeta António Pedro Ribeiro esteve ontem no bar Art 7 em São João da Madeira a apresentar o seu manifesto poético e político, bem como a sua candidatura anarquista à Presidência da República. "Poema de Amor Inocente em Jeito de Manifesto Autárquico para a Cidade do Porto", "Futebol-Dada", "Se me Pagares uma Cerveja estás a Financiar a Revolução", "Carta à Minha Mãe", "O Dia Triunfal", "Homem Livre" e a já célebre "Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro" foram alguns dos poemas e manifestos ditos pelo poeta. António Pedro Ribeiro não separa os referidos poemas e manifestos da sua candidatura. " Vivemos dominados pela economia e pela linguagem económica: uma linguagem pobre, castradora, entediante feita de percentagens, PIB's, contas, bancos", disse. "Está tudo no mercado, tudo na bolsa, tudo se compra, tudo se vende", acrescentou. Para o poeta ,que vê cada vez mais gente deprimida, triste, descrente, "uma sociedade, como a do mercado, que faz as pessoas infelizes não presta". Mas para a combater o discurso económico dos partidos de esquerda já não é eficaz. Daí falar-se no "Homem livre", na construção do Homem, na recuperação da vida.
"Temos um primeiro-ministro controleiro, vigarista e até fascista. Temos um Presidente da República conivente, ao serviço do grande mercado e da linguagem mercantil da morte. Que alma têm estes homens? É preciso falar na vida", disse o poeta que seguidamente disse o poema/canção "When The Music's Over" de Jim Morrison. Interrogado sobre as primeiras medidas que tomaria caso fosse eleito Presidente António Pedro Ribeiro respondeu que encerraria a Bolsa e que tentaria tirar os sem-abrigo da rua, dando-lhes comida, bebida e abrigo. "Se há dinheiro para os TGV's também tem de haver para os que nada têm", justificou.
A sessão foi aberta a todos os presentes como tem acontecido no Art 7 e o público jovem compareceu à chamada. Angel Pinho, A. Da Silva O., Tiago Moita, Luís Carvalho e Manuela Correia, entre outros, disseram poemas seus e de outros e Carlos Andrade esteve à guitarra.

JÁ NÃO ESTÁ MAU DE TODO

Quase 60 por cento dos portugueses pensa que o primeiro-ministro mentiu no Parlamento quando disse que não sabia que a PT estava interessada em comprar a TVI, diz uma sondagem da Intercampus encomendada pelo PÚBLICO. Foi uma mentira injustificável, diz também a maioria dos 1015 inquiridos. Mas Sócrates deve continuar a governar.

quinta-feira, 4 de março de 2010

A GRÉCIA NAS RUAS

04-Mar-2010

Coligação de esquerda grega chama os trabalhadores e a juventude a derrubarem nas ruas "o maior ataque contra o trabalho desde a queda da ditadura".
Comunicado divulgado esta quarta-feira pelo Syriza:

"O governo grego anunciou um conjunto de medidas contra a crise económica.

O anúncio foi feito de forma cínica e brutal.

As medidas anunciadas constituem o maior ataque contra o trabalho desde a queda da ditadura. O governo põe em prática as mais extremas políticas neoliberais, sujeitando a economia grega aos humores dos mercados especulativos e do capital bancário internacional.

O actual estrangulamento financeiro da economia grega é consequência do modelo neoliberal prevalecente na União Europeia de hoje.

As medidas do novo governo vão afundar o país numa profunda e longa depressão, ao mesmo tempo que constituem um ataque total que visa a reversão das relações laborais, dos rendimentos e do sistema de segurança social.

Os governos das últimas décadas, tanto do Pasok quanto da Nova Democracia, têm grande responsabilidade pela ruptura das redes produtivas do país e pelo aprofundamento e as distorções do modelo produtivo nacional.

A luta massiva e unitária do povo trabalhador para derrubar estas medidas é a única forma, assim como a única esperança de uma mudança de rumo a ser seguida pela Grécia e pela Europa.

Apelamos a todas as trabalhadoras e trabalhadores, e à juventude da Grécia a ir para as ruas desde amanhã."

ALBAS


Acabei por não ir à homenagem ao Alba. É uma falha. Admiro o sebastião Alba. Vi-o várias vezes mas nunca falei com ele. Andava pelas ruas de Braga. Era um poeta. Um verdadeiro poeta. Um poeta que vivia e dormia na rua. Um poeta do mundo. Rejeitado pela sociedade do parece bem e do consumo. Rejeitado pelo homem que não compreende o homem livre. Era isso que ele era. Um homem livre.

quarta-feira, 3 de março de 2010

RIBEIRO E HABITUALMENTE

Garfield & Bart disse...

Não sei se gostarás ou provalvelmente já conheces, mas a nova vaga de poetas Portugueses também é muito gira, vê João Habitualmente e A. Pedro Ribeiro, é mais alternativo e recorrem ao vernáculo, mas com imensa graça e sentido crítico em relação aos nossos dias. Alguns dos poemas podes ver aqui http://laranjeira.com/poesiamaldita

FILOSOFAR

Filosofar. É o que realmente gosto de fazer. Ter o saber e atirá-lo às feras. Agitar as conversas. Sentir o poder da palavra. O cérebro a fluir. A ideia a nascer das cinzas.

A LIBERDADE VAI ANDAR À SOLTA

MANIFESTO E CANDIDATURA

António Pedro Ribeiro apresenta o seu manifesto e a sua candidatura à Presidência da república no Art 7 em São João da Madeira na próxima quinta, dia 4, pelas 22,30 h. A liberdade vai andar à solta.

Pelo comité central do PSSL,
Serafim Morcela.

DISCURSO À NAÇÃO

DISCURSO À NAÇÃO

"It's all fucked up!", "Está tudo fodido!", como dizia o Jim Morrison. Nem rei nem rock. O governo na mão de vigaristas, de vendedores da banha da cobra. O homem reduzido ao elementar, aos instintos primários, à mera sobrevivência. Uma terra inóspita de gente deprimida, desesperada. "All the children are insane/waiting for the summer rain". "Todas as crianças atacadas pela loucura/ à espera da chuva de Verão". This is the end. Isto é definitavamente o fim ou talvez o novo começo.
Não me venhas agora dizer que a revolução não está próxima. Não me venhas agora dizer que está tudo morto, que nada há a fazer.
Só a revolução vale a pena. A revolução é a única solução. Afastai de mim o vosso paleio mansinho. Afastai de mim os vossos negócios e a vossa conversa de velhas. Não quero saber de niilismos nem de derrotismos. Não trabalho nem me sacrifico. Só trabalho, só me sacrifico em prol da revolução. E ela está próxima. E ela sorri. Vem ter comigo cada vez mais à medida que te enterras na depressão. Vem ter comigo mais e mais. Vem ter comigo quanto mais me dais este ambiente de pasmaceira. Não há outra saída. Vivemos estes anos todos para chegar aqui. Passamos todos estes infernos para chegar aqui. Somos do mundo. Somos daqui. Estamo-nos a cagar para o além! Queremos o aqui e o agora! Os vindouros que venham a seu tempo. Isto é nosso! Isto é absolutamente nosso! Não há aqui primeiros-ministros, nem Presidentes, nem executivos vigaristas e imbecis. Isto é o Homem, porra! Isto não està à venda nem está cotado na bolsa! Isto és tu, sou eu, é o Homem, porra! Estamos a falar do amor. Estamos a falar da dignidade. Estamos a falar da construção do Homem. Estamos fartos do homem dos bancos, do homem da bolsa, do homem do hipermercado. Tudo isso falhou. Tudo isso está morto. Tudo isso destruiu o homem. Estamos a falar da reconstrução. Estamos a falar do começar de novo. Estamos a falar da criação. Não me venhas com discursos conciliadores nem com porreirismos de pacotilha. Estamos a falar do que vai ser. Estamos a falar do que é.


António Pedro Ribeiro, Vila do conde, pátio, 20.2.2010.