terça-feira, 30 de janeiro de 2007

O MAR, A MULHER E A MORTE



Para a Lúcia in http://atritos-sonoros.blog.pt

Sempre estarás nu e desarmado, dizia-me Zeno, mas sobretudo sempre estarás nu e desarmado diante do mar, da mulher que tu amas e da morte. Ah, essas presenças mágicas que nos esmagam de vazio, eternidade, irracionalidade e que, se ausentes, apenas o serão na aparência. O mar, a mulher e a morte circulam no teu sangue, dizia-me o Mestre, e são a fonte obscura da tua peregrinação.

(Casimiro de Brito, "Arte da respiração").

CASTRAI-VOS, IRMÃOS, CASTRAI-VOS

D. José Policarpo: educação sexual é necessária mas deve apontar para a castidade
O cardeal patriarca, D. José Policarpo, considera que a educação sexual "é bem-vinda e necessária", mas para ser "verdadeira" tem que ser feita na "perspectiva da castidade".

in PÚBLICO, 30.1.2007

segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

CAOS E TERRORISMO POÉTICO

TERRORISMO POÉTICO (TP) Dançar de forma bizarra durante a noite inteira nos caixas eletrônicos dos banco. Apresentações pirotécnicas não autorizadas. Land-art2, peças de argila que sugerem estranhos artefatos alienígenas espalhados em parques estaduais. Arrombe apartamentos, mas, em vez de roubar, deixe objetos Poético-Terroristas. Seqüestre alguém & o faça feliz. Escolha alguém ao acaso & o convença de que é herdeiro de uma enorme, inútil & impressionante fortuna – digamos, 5 mil quilômetros quadrados na Antártica, um velho elefante de circo, um orfanato em Bombaim ou uma coleção de manuscritos de alquimia. Mais tarde, essa pessoa perceberá que por alguns momentos acreditou em algo extraordinário & talvez se sinta motivada a procurar um modo mais interessante de existência. Coloque placas de bronze comemorativas nos lugares (públicos ou privados) onde você teve uma revelação ou viveu uma experiência sexual particularmente inesquecível etc. Fique nu para simbolizar algo. Organize uma greve em sua escola ou trabalho em protesto por eles não satisfazerem a sua necessidade de indolência & beleza espiritual. A arte do grafite emprestou alguma graça aos horríveis vagões do metrô & sóbrios monumentos públicos – a arte-TP também pode ser criada para lugares públicos: poemas rabiscados nos lavabos dos tribunais, pequenos fetiches abandonados em parques & restaurantes, arte-xerox sob o limpador de pára-brisas de carros estacionados, slogans escritos com letras gigantes nas paredes de playgrunds, cartas anônimas enviadas a destinatários previamente eleitos ou escolhidos ao acaso (fraude postal), transmissões de rádio piratas. Cimento fresco... A reação do público ou choque-estético produzido pelo TP tem de ser uma emoção menos tão forte quanto o terror – profunda repugnância, tesão sexual, temor supersticioso, súbitas revelações intuitivas, angústia dadísta – não importa se o TP é dirigido a apenas uma ou várias pessoas, se é “assinado” ou anônimo: se não mudar a vida de alguém (além da do artista), ele falhou. TP é um ato num Teatro da Crueldade sem palco, sem fileiras de poltronas, sem ingressos ou paredes. Pare que funcione, o TP deve afastar-se de forma categórica de todas as estruturas tradicionais para o consumo de arte (galerias, publicações, mídia). Mesmo as táticas da guerrilha Situacionista do teatro de rua talvez já tenham se tornado conhecidas & previsíveis demais. Uma primorosa sedução praticada não apenas em busca da satisfação mútua, mas também como um ato consciente de uma vida deliberadamente bela – talvez isso seja o TP em seu alto grau. Os Terroristas-Poéticos comportam-se como um trapaceiro totalmente confiante cujo objetivo não é dinheiro, mas transformação. Não faça TP Para outros artistas, faça-o para aquelas pessoas que não perceberão (pelo menos não imediatamente) que aquilo que você fez é arte. Evite categorias artísticas reconhecíveis, evite politicagem, não argumente, não seja sentimental. Seja brutal, assuma riscos, vandalize apenas o que deve ser destruído, faça algo de que as crianças se lembrarão por toda a vida – mas não seja espontâneo a menos que a musa do TP tenha se apossado de você. Vista-se de forma intencional. Deixe um nome falso. Torne-se uma lenda. O melhor TP é contra a lei, mas não seja pego. Arte como crime; crime como arte.
In Hakim Bey, "Caos-Terrorismo Poético & Outros Crimes Exemplares"
http://www.midiaindependente.org
rompendoasamarras@hotmail.com

WE WANT THE WORLD AND WE WANT IT...NOW!


Quando fazes as pazes com a autoridade tornas-te autoridade. (Jim Morrison)

Ver também www.ruadebaixo.com

A PELE

Para conhecer um homem a fundo era necessário vestir a sua pele.
(HAMLET, Shakespeare)

sábado, 27 de janeiro de 2007

MANA


agradecimentos a http://antologiadoesquecimento.blogspot.com

porque uma mulher e um homem que, até ao final dos tempos, devem ser tu e eu, deslizarão por sua vez sem nunca se voltarem até perderem o caminho, na luminosidade difusa, até aos confins da vida e do olvido da vida...
(André Breton, "O Amor Louco")

AO PRINCÍPE DA DINAMARCA


A Hamlet de Shakespeare, com delírios, alucinações, hesitante entre a razão e a loucura...

em Braga já estiveram o divino Luiz Pacheco e os marqueses Sebastião Alba e Jaime Lousa, MORTOS entre a miséria e os copos e eu próprio sou de lá entre rei- Hamlet?- e mendigo- eu próprio?


eu...tu...quem?

asas...

um decadentista assumido e vilacondense pagou-me o jantar.

JUSTIÇA

E há situações em que não distinguimos o justo do injusto.

HAMLET

E depois há sempre o ser ou não ser de Hamlet, dizer ou não dizer, a escolha entre o justo e o injusto. Eis a questão...

VALTER HUGO MÃE

ao meu amigo Valter porque não sei que posição hei-de tomar numa polémica abaixo assinalada. Se a publicação foi sem o teu consentimento estou frontalmente contra ela. Se não, tens mesmo muita coragem e és um pornófilo/libertino autêntico.

António Pedro Ribeiro.

VIVA FIDEL, VIVA CHÁVEZ


A revolução nunca morrerá.
Estamos contigo, Comandante, HASTIA LA MUERTE Y HASTA DESPUES DE LA MUERTE!

Professores do Funchal chamados pela PSP após manifestação contra o Governo
Alguns dos professores que se manifestaram no Funchal em Outubro do ano passado contra a política do Ministério da Educação estão a ser convocados para deporem na PSP

SÓCRATES FASCISTA!

De facto, o Governo Sócrates está a passar das marcas, a roçar o fascismo e tem de cair!
FRENTE GUEVARISTA LIBERTÁRIA

Professores do Funchal chamados pela PSP após manifestação contra o Governo
Alguns dos professores que se manifestaram no Funchal em Outubro do ano passado contra a política do Ministério da Educação estão a ser convocados para deporem na PSP

A liberdade de opinião e manifestação está a ser posta em causa. Sócrates tem mesmo de cair, o quanto antes. SÓCRATES É MERDA!

FRENTE GUEVARISTA LIBERTÁRIA
António Pedro Ribeiro
Silvia Lopes.

ABORTO

CADA PUNHETA MILHÕES DE ABORTOS. PELA LEGALIZAÇÃO DOS ESPERMATOZÓIDES, PELA SANTA MADRE IGREJA, MASTURBAI-VOS, IRMÃOS!
CRESCEI E MULTIPLICAI-VOS!

PARTIDO SURREALISTA SITUACIONISTA LIBERTÁRIO

DESMENTIDO

em virtude do que me foi confirmado a polémica vinda a lumE por fontes próximas do visado no VILA DO CONDE QUASI DIARIO está desmentida e encerrada.

Com os melhores cumprimentos,
PSSL/FGL.
aNTÓNIO PEDRO RIBEIRO
JORGE BARROS
MARIA JOANA

E ATÉ AO FIM. THE END. MR. JAMES DOUGLAS MORRISON.
DESCULPAS AO VILA DO CONDE QUASI DIARIO
ATÉ SEMPRE.

sexta-feira, 26 de janeiro de 2007

AMIZADE

A amizade vale sempre, mas o anonimato é sempre cobardia. Morreram o meu pai, a minha avó, um grande amigo meu na miséria. Por isso, estou à vontade para dizer: só a amizade resta. O insulto fácil é fácil. Também eu insulto os poderes todos.

VALTER HUGO MÃE

Apoiamos a 100% o nosso amigo, irmão, poeta e editor na polémica vilacondense VALTER HUGO MÃE em VILA DO CONDE QUASI DIÁRIO.

FRENTE GUEVARISTA LIBERTÁRIA
PARTIDO SURREALISTA SITUACIONISTA LIBERTÁRIO
ANTÓNIO PEDRO RIBEIRO
SILVIA LOPES
MARIA JOANA

quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

EL CHE VIVE!


A missão do revolucionário é fazer a revolução em todas as esferas da vida. Morte ao capitalismo!

HASTA LA VICTORIA, SIEMPRE




Em Cuba, no México, na Colômbia, na Venezuela, nos palcos, na Europa, unidos na REVOLUÇÃO, SEMPRE!
FRENTE GUEVARISTA LIBERTÁRIA

MINKA- sem moral



O teu corpo

colado ao meu

a cavalgar

cona foda mulher

depois da performance

a delirar

e o whisky que mata

e o amigo que trai

o teu sorriso

no quarto da pensão

noite fora

conversas no "Piolho"

bebem-se groselhas

cervejas a metro?

Ribeira?

Ribeiro na Ribeira

Ribeirinha

Está-se bem

após o sexo

nada a perder

postura de rocker

lenço vermelho

a gingar

cidade natal

cidade fatal

romper a fronteira

uma vez mais

Vade retro, razão

andar à solta

sem juízo

ser a estrela

um mero espectador

ou o intérprete

à escolha

a escola

e o teu corpo

suado

colado

ao meu.

A. Pedro Ribeiro, in "1º de Agosto", "Sexo, Noitadas & Rock n' Roll", "Saloon" (Edições Mortas, a sair em breve).

Visões e Alucinações

O Profeta Alves- Visionário do nosso tempo.
A história está carregada de visionários, profetas. Pessoas com uma capacidade única para espreitar o que se passa no futuro. Viajar no tempo, além do que é normal e recorrendo à futurologia esclarecer as massas, o comum dos mortais para o que vai acontecer. Servir de alerta, corresponder a expectativas ou engatar miúdas no café é a missão do Mestre Alves. Com um aspecto insuspeito, pessoa séria e claramente visionária, cedo reparamos que o Mestre Alves se distancia do comum charlatão. Não parece nada um azeiteiro, tem um discurso fluente, apresentação impecável. Veste-se de negro, num tom sóbrio (propício ao mistério). A camisa tem missangas especiais, quiçá, poderosas.
in http://os-doninhos.blogspot.com

O CIDADÃO CUMPRIDOR VOLTA A ATACAR

O meu sonho é ser competitivo, ser um cidadão de sucesso. Quero submeter-me voluntariamente às directivas do primeiro-ministro, sacrificar-me em prol do país. Quero lançar uma OPA, investir na bolsa, adaptar-me ao mercado.
Quero ser um executivo e não ficar pensativo. Quero ser empreendedor, um democrata cumpridor. Quero ser responsável, credível, prudente e racional, seguir uma lógica empresarial.
Quero suicidar-me em directo à porta do Telejornal.

A. Pedro Ribeiro, à Andreia.

quarta-feira, 24 de janeiro de 2007

SER OU NÃO SER, O CRIADOR E A MULHER


antes do mais outro divino http://edeuscriouamulher.blogspot.com


e depois HAMLET

Ser ou não ser, eis a questão. Uma alma valorosa, deve ela suportar os golpes pungentes da fortuna adversa, ou armar-se contra um dilúvio de dores, ou pôr-lhes fim, combatendo-as? Morrer, dormir, mais nada, e dizer que por esse sono pomos termo aos sofrimentos do coração e às mil dores legadas pela natureza à nossa carne mortal; e será esse o resultado que mais devamos ambicionar? Morrer, dormir, sonhar talvez; terrível perplexidade. Sabemos nós porventura que sonhos teremos, com o sono da morte, depois de expulsarmos de nós uma existência agitada? E não deverei eu reflectir? É este pensamento que torna tão longa a vida do infeliz! Quem ousaria suportar os flagelos e ultrajes do mundo, as injúrias do opressor, as afrontas do orgulhoso, as ânsias de um amor desprezado, as lentezas da lei, a insolência dos imperantes, e o desprezo que o ignorante inflige ao mérito paciente, quando basta a ponta de um punhal para alcançar o descanso eterno? Quem se resignaria a suportar gemendo o peso de uma vida importuna, se não fosse o receio de alguma coisa além da morte, esse ignoto país, do qual jamais viajante algum regressou? Eis o que entibia e perturba a nossa vontade; eis o que nos faz antes suportar antes as nossas dores presentes do que procurar outros males que não conhecemos.

(HAMLET, WILLIAM SHAKESPEARE)

SIM à IVG EM NOME DA LIBERDADE

A Frente Guevarista Libertária e o Partido Surrealista Situacionista Libertário apoiam o "Sim" no referendo à despenalização da interrupção voluntária da gravidez contra a prisão e humilhação das mulheres que abortam, contra os argumentos patéticos e medievais do PAPA e de outros representantes do clero, contra o aborto clandestino e sem condições e em nome da LIBERDADE.
FGL/PSSL.

NA LUZ NAS TREVAS


AQUI

estou aqui e já não estou
o meu pai morreu
o Bob Marley canta na rádio
a menina limpa o fogão

estou aqui e já não estou
não sou desta terra
e o cacau não dá para bebedeiras

estou a ir-me abaixo
apesar dos rugidos
que solto de vez em quando

estou aqui e já não estou
a rádio passa música foleira
nada me alimenta a alma

estou só
e as iluminações pós-natalícias
metem-me nojo
"Amai-vos uns aos outros"-
pregava o outro camarada
fodei-vos uns aos outros!-
digo eu, de rajada
ide todos para o caralho!
Sobretudo vós, locutores radiofónicos
sempre bem humorados e sorridentes
sobretudo tu, Floribella, Rosabela,
imbecil e a pilhas
ficai com o vosso amor e as velinhas
que eu prefiro o inferno
e os "Cantos de Maldoror"
e, além do mais, o cacau não chega
para a bebedeira.

A. Pedro Ribeiro, 8.1.2007.

terça-feira, 23 de janeiro de 2007

AFRODITE


Ó indomável Amor, ó Amor que saltas sobre as tuas presas, que vigias a noite dos ternos rostos de mulher e corres os oceanos e incendeias as paragens silvestres: nem um só imortal, nem um só efémero conseguem fugir-te. Transtornas totalmente quem se entrega a ti.
Até os justos tornas injustos e os arrastas para a ruína. É obra tua esta guerra de consanguíneos: triunfam os olhos radiosos da belíssima esposa, tão poderosos como as leis mais antigas e supremas. Invencível, a deusa Afrodite move os destinos.
(Sófocles, "Antígona")

segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

AOS MEUS AMIGOS, SEMPRE

AOS MEUS AMIGOS

Onde estais vós,
Meus amigos,
Que me beijais a cara?
Já partistes deste mundo
Ou continuais a caminhada?
Onde estão as conversas que nos elevam
E as gargalhadas sem medo
Que enfrentam os medíocres
E a corja mercantilizada?
Onde estais,
Irmãos de sangue,
Que bebeis da minha taça?
Camelot Elsenor
Aí celebramos a aliança.

Onde estais vós
Que sois eu
Só num bar até de madrugada?
Tentaram sempre aniquilar-nos
Encostar-nos à parede
Até à última cilada
Mas nós resistimos sempre
Ao cântico da sereia.
Onde estais, companheiros,
Agora que vos chamo
Do fundo do Totem
À beira do nada?

Bem sei que para nós
O caminho é doloroso
Mas o que nos guia
Não são as leis do mundo
Nem do mercado
Mas a luz ao fundo da guitarra.
Onde estais, amigos,
Porque não bebeis a taça?

Conquistadores do oculto
Pesquisadores da alma
O caminho somos nós
Mas a visão ainda não é
Inteiramente clara.
Onde estais, irmãos de sangue,
Companheiros de noitada?

Abençoados malditos
Reis sem trono
Esperamos a última batalha.

Olhos de Deus
Voz de Satã
Iluminações
Até ao fim da estrada.

Vila do Conde, Pátio, 20.1.2007.
A. PEDRO RIBEIRO

José Afonso

com a devida vénia a http://pimentanegra.blogspot.com

20.1.07

Há 20 anos que José Afonso nos deixou a sós com as suas canções
“Somos Nós os Teus Cantores"PARA O QUE DER E VIER...SEM MUROS NEM AMEIAS!IGUAIS POR DENTRO E IGUAIS POR FORA!José Afonso, falecido a 23 de Fevereiro de 1987, aos 57 anos, foi, com Adriano Correia de Oliveira, umas das figuras centrais da canção de intervenção em Portugal.
Neste ano de 2007 passam 20 anos que José Afonso nos deixou a sós com as suas canções. Aquele que deu voz à resistência anti-fascista, e foi um dos símbolos do 25 de Abril do povo e, mais tarde, uma bandeira de luta contra a recuperação capitalista no período cinzento do eanismo e do soarismo, será lembrado ao longo de todo este ano através das mais variadas iniciativas, sempre com o apoio da Associação José Afonso.Daremos disso conta à medida que tais acções se forem realizando.Por enquanto, e que tenhamos conhecimento, estão programadas várias manifestações culturais na Moita, no Porto ( mais concretamente no Clube Literário) e na Casa do Povo da Longra (no concelho de Felgueiras).
Assim já no próximo dia 3 de Fevereiro, na Casa do Povo da Longra ( Felgueiras) e numa parceria com o núcleo do Norte da AJA realiza-se um concerto sob o lema “Somos Nós os Teus Cantores”, que contará com a participação de Francisco Fanhais, Tino Flores, grupo Erva de Cheiro, grupo AJAFORÇA, banda Hyubris e, possivelmente, Manuel Freire.
Os actores Alexandre Castanheira e Fernando Soares farão da poesia o eco do homem da "Grândola". Neste dia vai falar-se, também, de Adriano Correia de Oliveira, companheiro de canções de luta e de vida de José Afonso.
Na parte de tarde, pelas 16 horas, haverá lugar a um debate/tertúlia, ao qual foram convidados Alexandre Manuel (jornalista e ex-editor do DN), Isabel e José Manuel Correia de Oliveira (filhos de Adriano), Paulo Alão (músico que participou em algumas gravações do Zeca e do Adriano), Alexandre Castanheira, Soares Novais (jornalista e editor da Arca das Letras), representantes da AJA-NORTE e da Casa do Povo, entre outros que poderão juntar-se.Segue-se depois um conjunto de iniciativas na cidade do Porto ao longo do mês de Fevereiro em memória de José Afonso promovido pelo núcleo do norte da AJA a desenrolarem-se no espaço do Clube Literário do Porto (http://www.clubeliterariodoporto.org/) e cujo programa é o seguinte:
14 Fevereiro
21h30 - Inauguração da exposição “José Afonso: Vida e obra”
22h - “José Afonso: Testemunhos" Colóquio/Debate com a participação de Alípio de Freitas e Benedicto Garcia Villar.15 Fevereiro
21h 30m – Tertúlia no “Piano-Bar” do CLP integrada na iniciativa “O Prazer do Texto” – “Música e poesia de José Afonso”
16 Fevereiro
21h 30m – “José Afonso, a obra poética" Colóquio/Debate com a participação de Elfried Elgelmeyer e José António Gomes.17 Fevereiro
21h 30m – “José Afonso, a música" Colóquio/Debate com a participação de José Mário branco e Francisco Fanhais.Também a Câmara Municipal da Moita recorda José Afonso, 20 anos depois da sua morte, com um ciclo de três espectáculos de música popular portuguesa (o primeiro dos quais hoje à noite, depois um outro, com Vitorino, a 27 de Janeiro, e um terceiro com a Brigada Victor Jara a 24 de Fevereiro) a realizar no Fórum José Manuel Figueiredo, na Baixa da Banheira.Além dos três espectáculos, o conjunto de iniciativas agendadas inclui uma declamação de poemas de José Afonso na Biblioteca de Alhos Vedros, uma festa popular também nesta freguesia e ainda uma romagem à campa do autor de "Grândola, vila morena", no cemitério de Setúbal, organizada pela Academia Musical 8 de Janeiro no dia 23 de Fevereiro à tardeEstão previstas, segundo sabemos, ainda iniciativas similares em Guimarães, Espinho e Odivelas.Entretanto tomamos conhecimento que os «Frei Fado d’El Rei» irão muito em greve editar um cd com o título «Senhor Poeta» e que será justamente uma homenagem a José Afonso.Os Frei Fado d'El Rei são um dos melhores exemplos de perseverança e coragem nestes caminhos da folk - chamemos-lhe folk por facilidade de designação - feita em Portugal. Tendo como base uma originalíssima mistura de música tradicional portuguesa, fado, flamenco, música medieval e moderna, os Frei Fado d'El Rei sempre estiveram na vanguarda da renovação da nossa música. E apesar de muitos dos seus membrs se terem dispersado nos últimos anos por projectos como os Roldana Folk, Lúmen ou Goliardos d'El Rey, os Frei Fado d'El Rei continuam vivíssimos (deram em Dezembro vários concertos na Bélgica e Holanda).Info:http://vejambem.blogspot.com/http://www.aja.pt/

domingo, 21 de janeiro de 2007

MANIFESTO DO PARTIDO SURREALISTA SITUACIONISTA LIBERTÁRIO

Que merda de sociedade é esta que deixa os seus próprios filhos na merda?

A Revolução é o Remédio

EU ACUSO!

António Pedro Ribeiro

Porque é que alguns nadam nas OPAS, fornicam com milhões, brincam às fraudes e exploram e despedem outros como se fosse nada? Porque é que os outros ficam sem nada ou são atirados para a lama, para o desemprego, para trabalhos sem contrato e sem direitos, que não valem nada? Porque é que esses mesmos se deixam (con)vencer pelos "media", pelo Governo e pela ideologia dominante a enganarem-se uns aos outros, a comerem-se uns aos outros porque não são suficientemente competitivos, porque o seu "fracasso" ou a pobreza são fado, são uma fatalidade cuja culpa é própria, como se o capitalismo e o mercantilismo não estivessem em todos os sectores da existência, à espreita em todas as esquinas?
Onde está a Humanidade nesta porra, nesta nova Roma de senhores e escravos? Porque raio é que um gajo que anda a contar os trocos para o café se há-de manter quieto e calado? O que é que há mais a perder quando nos roubam a própria vida?
Porque raio havemos de aceitar a ditadura dos contabilistas, dos economistas, dos banqueiros, dos mercadores, dos moedeiros, dos ministros sem alma que se limitam a vomitar percentagens e estatísticas? Porque raio havemos de nos deixar comer? Somos Homens ou cordeiros? Queremos a vida ou a morte em vida? A Liberdade ou a submissão? "A Revolução é o remédio para os que sofrem de tédio", já diz a canção dos Mão Morta.

Strange Days

Os dias estranhos descobriram-nos
os dias estranhos acharam o nosso rasto
vão destruir as nossas raras alegrias
temos de continuar a tocar
ou procurar uma nova cidade.

in "Strange Days", Jim Morrison, The Doors.

quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

BÊNÇÃO

BÊNÇÃO

Ter dinheiro e não ter
pagar ficar a dever
ir aos bares do Bairro Alto
beber nos bares nas barracas
cheio de cacau nos bolsos

depois deixar cair o cacau pelos bolsos abaixo
perder os óculos em Lisboa
andar à toa feito rock-star

regressar sem saber como
comprar dois bilhetes em vez de um
um para o Porto outro para Coimbra
viajar fodido dos cornos do estômago da barriga
entrar, sair e depois cair na cama
sem luz sem vontade
e depois regressar a Zaratustra
ao poeta-mago
ao céu ao sol à luz
às mulheres que queres
aos pulsos que cortas que feres
à prudência que mandas para o caralho
vira o baralho
e volta o futebol
o circo máximo de outrora
quando caminhavas por Roma
entre Cícero e Augusto
rei morto, rei posto

em transe por Lisboa
ao acaso à deriva à sorte
como Pessoa
e, por duas horas,
não sabes o que fizeste
onde estiveste
com quem estiveste
ficou tudo em branco

hoje estás a caminho do mesmo
mas não tens cacau
e isto não é Lisboa
nem tu és o príncipe da Macedónia
só há golos e tolos a festejar
nuvens a perturbar- assim falava Zaratustra
e tu amas as alturas
amas realmente as alturas
e até a Humanidade
mas não suportas a pequenez dos homens

és daqueles que sabes
nada há a fazer
mesmo que vás pelos caminhos direitos
haverá sempre noites, dias em que seguirás
as ruas tortuosas
porque sabes que esse é o caminho do Céu
não o céu de Deus, de Alá ou de Cristo
mas o Céu de Nietzsche, de Blake, de Rimbaud,
de todos os malditos

Abençoados sejam os malditos
abençoados sejam os que procuram
a luz no meio das trevas
abençoados sejam os que te amam
abençoados os que enlouquecem
porque a loucura dos que se curvam
não é loucura, é doença.

A. Pedro Ribeiro.

quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

rocker

sou um rocker
vivo no palco
acendo o rastilho

sou um rocker
dou-me no canto
renasço na dança
puxo do gatilho

sou um rocker
nos olhos da menina
sou um rocker
nas luzes da ribalta
sou um rocker
estou em alta
sou um rocker
prossigo o transe
até à última dança

sou um rocker
sigo o instinto.

canção

Floribella, Floribella,
vamos apanhar uma piela
porque a cidade é uma seca
e a vida não presta...

quinta-feira, 11 de janeiro de 2007

ao meu pai, António

Obrigado, Rui Lage,

SEM MAIS DEMORAS para o pai do António Pedro Ribeiro
O sol cresce a cada passona rua principal,curva de pássarosna estrada do céu,silêncio só perturbadopelos sapatos na gravilha,cabeças de animaisa ruminar nos baldios,húmidos seus olhosao ver-nos passar de fatos que encontramportões de cemitério.A terra tem fome, amigo,a terra tem sempre fome:entreguemos-lhe o corposem mais pranto ou demoras (pois já vão sendo horasde pensar no almoço).


RUI LAGE

segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

ao meu pai, outra vez, por me ter ensinado a ter uma posição crítica e céptica perante o mundo e a vida.

amor

O amor é um dos aspectos que a divindade assume...tal como a música!
(Léo Ferré)

O AMOR

ao meu pai e à minha avó que partiram há dias

Até sempre, do fundo do coração. Ides fazer-me muita falta.

Pedro.

quarta-feira, 3 de janeiro de 2007

AOS MEUS GRANDES AMIGOS

UM COPO COM O JAIME LOUSA António Pedro Ribeiro Conheci o Jaime Lousa em Braga, no final dos anos 80, num café das Enguardas, era ele jornalista num jornal da cidade já extinto, depois de ter passado pelo "Primeiro de Janeiro" e por outras redacções, além de várias experiências literárias, teatrais e cinematográficas. Teria eu 21, 22, 23 anos e tinha a mania que era poeta e cantava numa banda chamada "Ébrios", em homenagem a Baudelaire e ao Jim Morrison, que viria a dar o berro como, de resto, outros projectos artísticos e políticos em que me envolvi. Quando conheci o Jaime disse-lhe que os bigodes dele faziam lembrar os de Nietzsche e ele respondeu que não era por acaso, apesar de sempre se ter dito marxista. Depois pediu-me emprestado o jornal "Combate" que eu trazia, fruto da minha militância no PSR. Então mostei-lhe alguns poemas meus e ele disse-me simplesmente que tinham palavras a mais mas que teria de ser eu a encontrar o caminho. O Jaime ensinou-me a olhar para o Céu, para cima, para lá das aparências da caverna, e até me convidou a entrar num filme surrealista que nunca se concretizou. Dias depois, a 6 de Setembro de 1990, as rádios de Braga noticiaram que eu, ou o Che ressuscitado, tinha mandado fechar ou ocupar o hipermercado "Feira Nova" num acção anti-consumista. Nesse dia, as beatas fugiam de mim na rua e os velhos faziam-me continência na Avenida Central. Delírios? Alucinações? Iluminações? Mas essa é apenas uma estória. Depois o Jaime perdeu o emprego, começou a viver em casa de amigos, por dias na minha. O álcool tornou-se a saída e o medíocres começaram a rejeitá-lo, como fizeram a Luiz Pacheco, a Sebastião Alba (igualmente morto na miséria em Braga) a Henry Miller, à raça dos decadentes malditos. Depois passou a dormir na rua no Verão, no Inverno, ao frio, no Inferno. Morreu há dias, em Dezembro. Tudo quanto sinto agora é raiva. Raiva das caridadezinhas de Natal, das cadelinhas do Pai Natal, da treta hipócrita do Sócrates, do Mendes e da sociedade de consumo, da merda que as Câmaras fazem, das OPAS do Belmiro e do caramelo, dos imbecis que nunca leram um livro, nem querem saber ler, que passam 24 horas por dia a comer futebol. É tão assassino aquele que mata como aquele que condena alguém a morrer de fome. Tudo quanto posso dizer é que hoje, meu querido amigo Jaime, vou beber um copo à tua saúde. Ou talvez mais. Que se lixem os moralistas de esquerda e de direita!

AOS MEUS AMIGOS